"MARIANA nos convida para uma interessante jornada, emprestando-nos “seu olhar” para mostrar,
através da narrativa de seus pensamentos, sentimentos e emoções, tudo que existe além das “DIS-HABILIDADES”.
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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Conta-Reconta: "A borboleta azul"

História Original: A borboleta azul
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Lembrei-me da borboleta azul de Pessoa...
e encontrei a história:

A BORBOLETA AZUL
Fernando Pessoa

Havia um viúvo que morava com suas filhas curiosas e inteligentes.
As meninas sempre faziam muitas perguntas. Algumas ele sabia responder, outras não.
Como pretendia oferecer a elas a melhor educação, mandou as meninas passarem férias com um sábio que morava no alto de uma colina.

O sábio sempre respondia todas as perguntas sem hesitar.
Impacientes com o sábio, as meninas resolveram inventar uma pergunta que ele não saberia responder.
Então, uma delas apareceu com uma linda borboleta azul que usaria para pregar uma peça no sábio.

“O que você vai fazer?” – perguntou a irmã.
“Vou esconder a borboleta em minhas mãos e
perguntar se ela está viva ou morta.
Se ele disser que ela está morta, vou abrir minhas mãos e deixá-la voar.
Se ele disser que ela está viva, vou apertá-la e
esmagá-la. E assim qualquer resposta que o sábio nos der estará errada!”

As duas meninas foram então ao encontro do sábio, que estava meditando.
Tenho aqui uma borboleta azul. Diga-me sábio, ela está viva ou morta?
Calmamente o sábio sorriu e respondeu:
Depende de você... ela está em suas mãos!!!

Pedro Shiozawa
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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Conta-Reconta: "O menino de olhos azuis"

História Original: O menino de olhos azuis
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Muito pequena percebi que todo mundo já sabia ler em casa menos eu. Via meus pais de livros na mão, meu avô de jornal na mão, meu irmão lendo gibis. Aí comecei a imitar. Pedia livro de presente, gibi e ficava olhando as imagens e imaginando as histórias.

E a escola então? Ir para a escola era conhecer gente nova, aprender a ler e a escrever. Eu amava a escola. Mas tinha de aprender a ler logo para todos me admirarem. Acontece que foi difícil a tal cartilha do patinho e todo domingo minha mãe estudava comigo. Eu sentia vergonha de precisar dela para me ensinar além da professora.

Aí, um dia eu aprendi a ler. Era meu aniversário e fiquei o dia e a noite lendo todos os letreiros que encontrava. Desafiante mesmo era ler os letreiros do Jornal O Estado de São Paulo. Eram rápidos e falavam de coisas que eu não entendia, mas repetia em voz alta. Meus pais acharam meu aniversário meio chato, mas eu adorei!

Ana Lúcia Brandão
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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Feliz Natal e Próspero 2011!

No início dos anos 60, o pintor espanhol Pablo Picasso eternizou a pomba como símbolo da paz, em uma série de gravuras que se tornaram famosas mundialmente.


Que neste tempo de Festas Natalinas, o símbolo bíblico da pomba possa nos anunciar a aliança com Deus, que traz paz e esperança após a tormenta, como no relato de Noé após o Diluvio!

Que neste tempo de Festas Natalinas, o símbolo bíblico da pomba possa nos anunciar a presença de Deus em nossas vidas, como em Sua aparição no batismo de Jesus Cristo!

Que neste tempo de Festas Natalinas, o símbolo bíblico da pomba possa nos anunciar a vinda do Espírito Santo, do “Espírito de Amor e de Luz” que traz conhecimento, compreensão, fortaleza e fé, como em Pentecostes.


Que neste Natal, você possa renovar e fortalecer sua fé no Novo Tempo,
para um Novo Ano coberto de bençãos e realizações!

Esses são Nossos Votos para Você e sua Família!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Temática do Coelho

Alice nunca mais poderia ser a mesma, depois do contato com o coelho, já que, mesmo que tivesse medo da viagem e escolhesse não iniciá-la, já teria tomado consciência de possibilidades que antes não lhe chamavam a atenção.

A primeira associação que me vem à cabeça é com relação ao coelho, que pode ser interpretado, segundo a Hermenêutica de Ricoeur, como aquele que provoca a ruptura, fazendo com que seu interlocutor passe a ver as coisas através de outra perspectiva.

Além disso, a viagem de Alice também me remete à filosofia dialética de Heráclito, que afirmou que um homem não se banha duas vezes no mesmo rio, já que, na segunda vez em que for se banhar, já não é o mesmo homem e o rio já não é o mesmo rio.

Na temática do “coelho” muitas são as interpretações possíveis, como o diagrama abaixo nos aponta.

Renata Quirino de Sousa

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Alice no País das Maravilhas

Alice no País das Maravilhas (título original em inglês: Alice's Adventures in Wonderland, frequentemente abreviado para "Alice in Wonderland") é a obra mais conhecida do professor de matemática inglês Charles Lutwidge Dodgson, sob o pseudónimo de Lewis Carroll, que a publicou a 4 de julho de 1865, e uma das mais célebres do gênero literário nonsense ou do surrealismo, sendo considerada a obra clássica da literatura inglesa. O livro conta a história de uma menina chamada Alice que cai numa toca de coelho que a transporta para um lugar fantástico povoado por criaturas peculiares e antropomórficas, revelando uma lógica do absurdo característica dos sonhos. Este está repleto de alusões satíricas dirigidas tanto aos amigos como aos inimigos de Carrol, de paródias a poemas populares infantis ingleses ensinados no século XIX e também de referências linguísticas e matemáticas frequentemente através de enigmas que contribuíram para a sua popularidade. É assim uma obra de difícil interpretação pois contém dois livros num só texto: um para crianças e outro para adultos.

Este livro é uma continuação da obra do mesmo autor Alice do Outro Lado do Espelho, e ambos influenciam ainda diversos autores e filmes como A Liga Extraordinária, de Alan Moore e Sandman, de Neil Gaiman.

ORIGEM
A 4 de 1862, durante um passeio de barco pelo rio Tâmisa, Charles Lutwidge Dodson, na companhia do seu amigo Robinson Duckworth, conta uma história de improviso para entreter as três irmãs Liddell (Lorina Charlotte, Edith Mary e Alice Pleasance Liddell). Eram filhas de Henry George Liddell, o vice-chanceler da Universidade de Oxford e decano da Igreja de Cristo, bem como director da escola de Westminster. A maior parte das aventuras foram baseadas e influenciadas em pessoas, situações e edifícios de Oxford e da Igreja de Cristo, por exemplo, o Buraco do Coelho (Rabbit Hole) simbolizava as escadas na parte de trás do salão principal na Igreja de Cristo. Acredita-se que uma escultura de um grifo e de um coelho presente na Catedral de Ripon, onde o pai de Carroll foi um membro, forneceu também inspiração para o conto.

Essa história imprevista deu origem, a 26 de Novembro de 1864, ao manuscrito de Alice Debaixo da Terra (título original Alice's Adventures Under Ground) com a finalidade de oferecer a Alice Pleasance Liddell a história transcrita para o papel.

Mais tarde, influenciado tanto pelos seus amigos como pelo seu mentor George MacDonald (também escritor de literatura infantil), decidiu
publicar o livro e mudou a versão original, aumentando de 18 mil palavras para 35 mil, acrescentando notavelmente as cenas do Gato de Cheshire e do Chapeleiro Louco (ou Chapeleiro Maluco).

Deste modo, a 4 de Julho de 1865 (precisamente três anos após a viagem) a história de Dodgson foi publicada na forma como é conhecida hoje, com ilustrações de John Tenniel. Porém a tiragem inicial de dois mil exemplares foi removida das prateleiras devido a reclamações do ilustrador sobre a qualidade da impressão. A segunda tiragem, ostentando a data de 1866, ainda que tenha sido impressa em Dezembro de 1865, esgotou-se nas vendas rapidamente, tornando-se um grande sucesso, tendo sido lida por Oscar Wilde e pela rainha Vitória. Na vida do autor, o livro rendeu cerca de 180 mil cópias. Foi traduzida para mais de 125 línguas e só na língua inglesa teve mais de 100 edições.

Em 1998, a primeira impressão do livro (que fora rejeitada) foi leiloada por 1,5 milhão de dólares americanos.

Fonte:
Wikipedia

Por Bianca Giannotti Barros





segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A questão da idade na Educação Infantil

Vamos tentar analisar uma questão muito importante no diagnóstico de uma alteração no desenvolvimento de uma criança: a idade.

Na Educação Infantil nos deparamos constantemente com questionamentos tanto por parte dos educadores, quanto dos pais dos alunos, no tocante à organização e classificação de grupos por conta da faixa etária, tão discutida e tão complexa.

Não é à toa que os órgãos normatizadores da educação estão sempre modificando a data de ingresso no ensino básico, a exemplo da Deliberação CEE 73/2008, que autoriza a matrícula da criança no 1º ano do ensino Fundamental ao completar 6 anos até 30 de junho e depois na Resolução CNE/CEB nº 01/2010 que muda tal data para 31 de março. Como se percebe com estes dois exemplos, em menos de 2 anos a data mudou e os educadores ficaram com as questões práticas desta legislação, o que causa grande impacto na organização dos agrupamentos na Educação Infantil.

De um lado, os pais, que se espelham na sua história de vida, na trajetória dos filhos mais velhos, que não passaram por esta nova forma de classificação e precisam de um novo olhar para aceitá-la. Para eles fica a impressão de que seu filho está sendo prejudicado, quando aniversaria no segundo semestre e “perde” um ano de estudos, entrando na faculdade mais tarde do que imaginaram.
De outro, os educadores e governantes, que discutem incessantemente os porquês do fracasso escolar, das reprovações, às vezes ocasionadas exclusivamente por imaturidade da criança que ingressou no ensino básico e aniversaria bem no final do ano.

Esta questão é muito discutida na Educação Infantil, que não sendo obrigatória, mas aqui no Sudeste do Brasil, muito comum que as crianças a frequentem.
Toda esta discussão já é um bom material para que os educadores e seus parceiros tenham bastante o que pensar e argumentar, mas o escopo aqui é o propósito de falar sobre as disabilidades e seus entornos, então vamos lá, no que isso implica a questão da idade?

Os profissionais que trabalham com as crianças, desde sua tenra idade, têm critérios de avaliação suficientes para entender em que estágio do desenvolvimento elas se encontram, respeitando as diferenças de ritmo de aprendizagem é claro, mas conseguem “ver de longe” que algo está errado, quando se deparam com uma criança em atraso de desenvolvimento ou qualquer outro transtorno.

Se os órgãos públicos não conseguem definir a melhor idade para ingressar no ensino básico, quem dirá a dificuldade em se convencer os pais de que algo anda errado e que precisa de investigação profissional, no desenvolvimento de seu filho? Constantemente se ouve: “Mas ele é tão pequeno, só vai pra escola para brincar e ter amigos...” ou “Como a professora sabe que meu filho tem problemas, ele nem sabe falar ainda?”

O que quero deixar à mesa para discussão, aqui, é que muito se faz para auxiliar uma criança que sofre com suas disabilidades em aprender, professores atentos alertam pais, profissionais competentes buscam esclarecimentos e terapias que a façam transpor tais dificuldades, pais amáveis lutam para que seus filhos sejam felizes e sofrem muito quando percebem que algo não está bem na aprendizagem deles. A questão da idade é só mais um ingrediente neste cenário, tão complexo e tão importante. Não pode ser deixado de lado. Vamos refletir?

Renata Siqueira Silva

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Quando a arte é uma questão de vida ou morte

Resenha sobre o livro: "Sonhos em Amarelo: o Garoto que Não Esqueceu Van Gogh" - Luiz Antonio Aguiar - Editora Melhoramentos - 114 páginas
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"Sonhos em Amarelo" é um texto literário criado a partir de uma suposição cheia de imaginação. Como teria sido a convivência da família do carteiro Joseph Roulin com o pintor Van Gogh?

A resposta é elaborada a partir do olhar sensível e lapidado do escritor Luiz Antonio Aguiar. Aguiar é um autor de literatura juvenil bastante conhecido e premiado. Segundo historiadores da arte, o período da convivência entre a família Roulin e Van Gogh foi a época de maior criatividade do pintor e se refletiu nas suas obras mais conhecidas até hoje. São dessa época os quadros "Vinhedo Vermelho", "Os Girassóis" e "O Garoto de Quepe".

A família Roulin era muito simples e passou a conviver com o pintor quando este levava uma vida muito solitária. O filho do carteiro Roulin, Camille, de onze anos, tornou-se especialmente próximo de Van Gogh. A amizade entre os dois tornou-se muito estreita porque o menino demonstrava ser mais sensível à arte do que o pai. Ao ver o mestre pintando, acompanhava suas idéias e expressão, inclusive emitindo opiniões que o pintor respeitava e assimilava. Desse modo, o menino assistiu a seus momentos de tensão criativa e também a seus arroubos de realização. Camille e sua família acompanharam também o desequilíbrio psíquico vivido pelo pintor que levou à sua internação e à sua morte. Mantiveram-se durante todo o tempo firmes no respeito e na admiração que sentiam por tão ilustre amigo.

O texto é de grande qualidade literária. Fica a ressalva de que a editora poderia ter dedicado um maior apuro visual ao livro, inserindo as imagens dos quadros comentados.

Indicações:
Pelo teor poético e pela qualidade literária, a obra é uma boa indicação para alunos dos dois últimos anos do ensino fundamental II e do ensino médio, nas áreas de português, artes, geografia e ciências.

Ana Lúcia Brandão

Fonte:
Sonhos em Amarelo: o Garoto que Não Esqueceu Van Gogh
UOL Educação - Resenhas - 08/02/2008
http://educacao.uol.com.br/resenhas/ult4283u65.jhtm

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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Amizade!

A melhor história por Maurício de Souza...
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Bianca Giannotti Barros

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Foi com esse sentimento de amizade...
que aos poucos foi se constituindo o grupo
que vem trabalhando no "Mariana".

Agradeço a todos,

por partilharem da mesma fé no ser humano
e em suas potencialidades...

por trazerem o melhor de cada um,
em sensibilidade e conhecimentos...

por se proporem a realizar o desafio
de conquistar um território na inter-face de conhecimento
que exige flexibilidade e desapego...

que só é possível realizar através da amizade!

Suely Laitano Nassif

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Comparação dos espantalhos segundo os multiletramentos

Veja essas duas imagens. O que há em comum e o que há de diferente entre elas? Ambas retratam espantalhos. Mas eles não são iguais. Cada um deles traz traços de uma cultura. Tente pensar nas diferenças e atribuir a cada um deles características de um determinado país...

No caso do primeiro espantalho, veja que ele está usando uma camisa xadrez, tipo de vestimenta comum entre os americanos. Além disso, as abóboras que estão colocadas no chão, abaixo do espantalho, são o símbolo da Festividade de Halloween, celebrado em 31 de outubro, nos EUA, conhecido também como "Dia das Bruxas". Outro marcador da cultura norte-americana nesta imagem é o corvo pousado no braço do espantalho. Esse pássaro é mais comum no hemisfério norte, e, na literatura, é um símbolo de desgraça e de morte. Podemos dizer, portanto, que esta imagem retrata um espantalho norte-americano.

No caso do segundo espatanho, veja que ele está uma roupa estampada, a qual é comumente utilizado no cotidiano brasileiro. Além disso, ele tem uma gravata amarela e uma flor, também amarela, no seu chapéu de palha., sendo, todos esses, símbolos de nossa cultura. Este espantalho não está em uma plantação, e sim suspenso por uma espécie de vara, demonstrando que ele foi incoporado à nossa cultura, advindo de países do hemisfério norte, assim como tantos outros símbolos que hoje temos, como o Papai Noel, que, nos dias de hoje, já aparece, em algumas imagens, com uma nova roupagem, usando roupas de verão, que têm mais a ver com o nosso clima tropical. Esse espantalho, portanto, já mostra marcas de uma tradução cultural, ou seja, foi retirado de seu ambiente original e recebeu uma roupagem abrasileirada.

Esse tipo de reflexão crítica sobre imagens nos abre perspectivas de um novo olhar para esse tipo de multimodalidade tão presente em nosso mundo globalizado e que merece uma reflexão cuidadosa, já que, como todo tipo de texto, seja ele tipográfico ou não, sempre traz marcas culturais, sociais e históricas, que precisam ser consideradas. Por isso, a partir de agora, quando olhar para uma imagem, tente encontrar nela marcas culturais, procure ver além da imagem, afinal, imagens também são texto, e, como já sabemos, "uma imagem vale mais do que mil palavras.

Renata Quirino de Sousa

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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Brincadeiras narrativas de Gianni Rodari

Resenha sobre o livro: "Histórias para brincar" - Gianni Rodari - Editora 34 - 216 páginas
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Gianni Rodari é um dos mais férteis escritores de literatura para crianças que a Itália já produziu. Ele recebeu o Nobel da área, o prêmio Hans Christian Andersen, em 1970, e sua obra, criada em um programa de rádio entre 1969 e 1970, é realmente eterna, porque sua imaginação cala fundo nas crianças de todos os tempos.

Esta coletânea de vinte histórias curtas, imaginativas e cheias, de humor são um excelente exemplo de como ele criava e funcionam como um jogo de cartas. Cada história parece se embaralhar, do meio para o fim, propondo para o leitor três finais inusitados, diferentes e divertidos. Alguns finais são mais lógicos, outros mais surpreendentes.

Deste modo, o leitor se vê às voltas com uma chuva de chapéus, um cachorro que pia e deseja aprender a latir, um tambor mágico que afasta ladrões, fantasmas desacreditados, casas feitas de moedas de cinco continentes, uma cidade que fica sem automóveis que são encantados por um flautista e tantas outras histórias.

Esta é uma ótima leitura que serve como mote para criação de redações em prosa ou mesmo poesia em sala de aula. Uma publicação para ser lida em voz alta ou mesmo para ser dramatizada nas aulas de português das segundas e terceiras séries do ensino fundamental. A propósito, entre os livros de Rodari há um dedicado aos professores chamado "A gramática da fantasia" (publicado pela Summus Editorial) em que propõe exercícios de criação literária.

Ana Lúcia Brandão

Fonte:
Histórias para Brincar
UOL Educação - Resenhas - 15/02/2008
http://educacao.uol.com.br/resenhas/ult4283u70.jhtm
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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O menino e a rosa - Helen Buckley

Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande.
Uma manhã, a professora disse:
- Hoje nós iremos fazer um desenho.
"Que bom!"- pensou o menininho. Ele gostava de desenhar leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos... Pegou a sua caixa de lápis-de-cor e começou a desenhar.

A professora então disse:
- Esperem, ainda não é hora de começar!
Ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora, disse a professora, nós iremos desenhar flores.

"Que bom!". Pensou o menininho. Ele gostava de fazer flores. E começou a desenhar bonitas flores com seus lápis rosa, laranja e azul.

A professora disse:
- Esperem! Vou mostrar como fazer.
E a flor era vermelha com caule verde.
- Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.

O menininho olhou para a flor da professora, então olhou para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isso... Virou o papel e desenhou uma flor igual a da professora.
Era vermelha com caule verde.

Num outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre, a professora disse:
- Hoje nós iremos fazer alguma coisa com o barro.
"Que bom!". Pensou o menininho. Ele gostava de trabalhar com barro. Podia fazer com ele todos os tipos de coisas: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e amassar a sua bola de barro.

Então, a professora disse:
- Esperem! Não é hora de começar!
Ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora, disse a professora, nós iremos fazer um prato.
"Que bom!" - pensou o menininho.
Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.

A professora disse:
- Esperem! Vou mostrar como se faz. E ela mostrou para todos como fazer um prato fundo.
- Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.

O menininho olhou para o prato da professora, olhou para o próprio prato e gostou mais do seu, mas ele não podia dizer isso. E fez um prato fundo, igual ao da professora.

E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar, e a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo ele não fazia mais coisas por si próprio.
Então, aconteceu que o menininho teve que mudar de escola. Essa escola era ainda maior que a primeira.

No primeiro dia a professora disse:
- Hoje nós vamos fazer um desenho.
"Que bom!"- pensou o menininho e esperou que a professora dissesse o que fazer.
Mas a professora não disse nada. Apenas andava pela sala.

Então, ela foi até o menininho e disse:
- Você não quer desenhar?
- Sim, disse o menininho, e o que é que nós vamos fazer?
- Eu não sei, até que você o faça, disse a professora.
- Como eu posso fazê-lo?
- Da maneira que você quiser.
- E de que cor?
- Qualquer cor, disse a professora.
- Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber o que cada um gosta de desenhar?
- Eu não sei... disse o menininho.

E então, ele começou a desenhar uma flor vermelha com o caule verde.

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THE LITTLE BOY
By Helen E. Buckley

Once a little boy went to school.
One morning, when the little boy had been in school a while, his teacher said:
- Today we are going to make a picture.
“Good!” thought the little boy. He liked to make pictures. He could make all kinds. Lions and tigers, Chickens and cows, trains and boats, and he took out his box of crayons and began to draw.

But the teacher said:
- Wait! It is not time to begin!
And she waited until everyone looked ready.
- Now, said the teacher, we are going to make flowers.

“Good!” thought the little boy, he liked to make flowers, and he began to make beautiful ones with his pink and orange and blue crayons.

But the teacher said:
- Wait! And I will show you how.”
And it was red with a green stem.
- There, said the teacher, now you may begin.

The little boy looked at the teacher’s. Then he looked at this own flower. He liked his flower better than the teacher’s. But he did not say this. He just turned his paper over. And made a flower like the teacher’s.
It was red with a green stem.

On another day, when the little boy had opened the door from the outside all by himself, the teacher said: “Today we are going to make something with clay.”
“Good!” thought the little boy. Snakes and snowmen, elephants and mice, cars, and trucks, and he began to pull and pinch his ball of clay.

But the teacher said:
- Wait! It is not time to begin!”
And she waited until everyone looked ready.
- Now, said the teacher, we are going to make a dish.
He liked to make dishes. And he began to make some that were all shapes and sizes.

But the teacher said:
- Wait! And I will show you how. And she showed everyone how to make a deep dish.
- There, said the teacher, now you may begin.

The little boy looked at the teacher’s dish, then he looked at his own. He liked his dish better than the teacher’s. But he did not say this. He just rolled his clay into a big ball again. And made a dish like the teacher’s. It was a deep dish.

And pretty soon the little boy learned to wait, and to watch and to make things just like the teacher. And pretty soon he didn’t make things of his own anymore.

Then it happened that the little boy and his family moved to another house, in another city, and the little boy had to go to another school.

And the very first day he was there the teacher said:
- Today we are going to make a picture.
“Good!” Thought the little boy and he waited for the teacher to tell him what to do.
But the teacher didn’t say anything. She just walked around the room.

When she came to the little boy she said:
- Don’t you want to make a picture?
- Yes, said the little boy, what are we going to make?
- I don’t know until you make it, said the teacher.
- How shall I make it? asked the little boy.
- Why, any way you like, said the teacher.
- Any color? asked the little boy.
- Any color, said the teacher.
- If everyone made the same picture, and the used the same colors, how would I know who made what?
- I don’t know, said the little boy.

And he began to make a red flower with a green stem.


Renata Quirino de Sousa
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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A pequena grande contadora de histórias

Podemos considerar que a aquisição da linguagem tem inicio com o choro da criança ao nascer.

Durante o processo de desenvolvimento, a criança aos poucos vai adquirindo suas primeiras palavras através da observação e do feedback auditivo que a criança estabelece, com o objetivo de se comunicar, com aqueles que a cercam: a família.

A primeira fase é a do jargão, em que a criança começa a produzir cadeias de enunciados, meias palavras, ainda não analisáveis, mas que são completamente interpretáveis para nós adultos. Ocorre normalmente até os dezoito meses de vida da criança.

A segunda fase é a das palavras, em que a criança através de imitações desenvolve as primeiras palavras, ocorrendo por volta dos dois anos de idade.

A terceira e última fase seria a das frases onde a criança já emprega estruturas com frasais curtas, com alguns erros de gramática e de pronúncia, mas com significado compreensíveis. Tornam-se capazes de produzir uma verdadeira comunicação.
Aos poucos, ela vai identificando as inadequações em sua produção oral, observando o comportamento adulto e modificando-os.

A linguagem é um instrumento de comunicação e satisfação das necessidades que a criança possui, muito antes de começar a falar. Podemos dizer que a criança ao nascer, já tem a habilidade de usar o olhar, a expressão facial e o gesto para se comunicar.



Suely Laitano Nassif
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Vagalume - Ricardo Ramos Filhos

Pirilampo vagalume
lanterninha a brilhar
risca de luz o negrume
dessa noite sem luar.

Vagalume pirilampo
faiscando sem parar
pipoca de luz o campo
acendendo meu olhar.

Vagalampo pirilume
você me confundiu
já não sei se a luz é lume
ou meu sonho que luziu.

Ricardo Ramos Filho

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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Tesouros da Minha Imaginação

Primeiro de tudo ouvi histórias contadas pelo meu avô materno. Ele me punha no colo dele depois do café da manhã e contava histórias. Seus olhos brilhavam de entusiasmo e eu ficava absorta com aquele mundo mágico que se descortinava para mim. Como a vida profissional é um constante vai-e-vem no mar de histórias, descobri que ele me contava duas histórias entre outras: A casa mal-assombrada de Câmara Cascudo coletada por Sônia Junqueira pela Atual e uma história que ia desenhando o passeio de um patinho que terminava com o desenho do pato no papel. Décadas mais tarde, uma aluna me disse que essa história havia sido publicada na Folhinha de São Paulo na época da Maria Heloisa Penteado, nos idos dos anos 60.

A família da minha mãe freqüentava uma loja de departamentos chamada Sears, que ficava na Água Branca, onde hoje fica o West Plaza. Os passeios à essa loja eram incríveis porque envolvia sempre livros infantis diferentes e uns chocolatinhos com foundant de licor que eram um sonho.

Minha tia Maisa me presenteava no Natal sempre com um livro fascinante: uma vez “A Branca de Neve” em kirigami, outra vez um livro cartonado da Mother Goose com bonecos fotografados no alto e texto na parte de baixo. Foi lá que conheci a mais maravilhosa imagem do Humpty Dumpty e Twendledee, Twendleduu da minha vida. O universo das imagens também invadiu cedo a minha vida. Eu amava ficar horas olhando imagens em um aparelho chamado View Máster. Com ele passei “virtualmente” no Museu de História Natural com o Pernalonga e Patolino, conheci os sopradores de vidro mexicanos e por aí afora. Eram disquinhos de imagens que se comprava e se assistia no View Master. Eu doei esse material para a Sala de Leitura da Monteiro Lobato e os emprestava ás crianças que pediam.

Meu primeiro quebra-cabeças foi com uma cena da Mary Poppins. Meus primeiros livros de Monteiro Lobato com ilustrações de Manoel Victor Filho foi meu pai quem me deu. Foi quando inconscientemente descobri que o humor que corria pela família era uma fatocitose lobateana. As Mil e uma noites de Malba Tahan foi presente de meu pai também. Havia uma página com uma mulher com as mãos decepatadas que bloqueou a leitura da história. Achei aquilo tão violento que fechei o livro e nunca mais o abri.

Cedo descobri que a leitura de histórias, como os Contos de Andersen pela Editora Bruguera colaboravam sobremaneira no destaque que cedo tive com minhas redações escolares. As histórias alimentam novas histórias, escritas ou contadas. Esse é um processo que me remete a carta do Mundo do Tarô mitológico de Liz Greene. Diz ela: “A serpente do mundo tem dois sexos, masculino e feminino e a capacidade de autofecundação, sendo imortal e completa. È a imagem de Deus e da Natureza fundidas num único símbolo. Os quatro símbolos dos elementos água, fogo, ar e terra, representam os potenciais latentes dentro do ser humano, que esperam para atuar na nova personalidade. Os bastões dourados estão associados à varinha mágica de Hermes, uma vez que a personalidade que acaba de renascer terá condições de se desenvolver com muito mais firmeza dentro dos reinos do sentimento, da imaginação, do intelecto e da razão”. Durante anos, usei a imagem do Amaru, mito peruano e latino-americano como símbolo do contador de histórias: ele enfrenta as adversidades, traz vida de volta à terra e depois as histórias contadas, vividas e ouvidas por ele ficam inscritas em suas escamas, as dele e a de todo povoado.

Ana Lúcia Brandão
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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A menina avoada - Manoel de Barros

"Foi na fazenda de meu pai antigamente
Eu teria dois anos; meu irmão, nove.

Meu irmão pregava no caixote
duas rodas de lata de goiabada.
A gente ia viajar.

As rodas ficavam cambaias debaixo do caixote:
Uma olhava para a outra.
Na hora de caminhar
as rodas se abriam para o lado de fora.
De forma que o carro se arrastava no chão.
Eu ia pousada dentro do caixote
com as perninhas encolhidas.
Imitava estar viajando.

Meu irmão puxava o caixote
por uma corda de embira.
Mas o carro era diz-que puxado por dois bois.

Eu comandava os bois:
- Puxa, Maravilha!
- Avança, Redomão!
Meu irmão falava
que eu tomasse cuidado
porque Redomão era coiceiro.

As cigarras derretiam a tarde com seus cantos.
Meu irmão desejava alcançar logo a cidade -
Porque ele tinha uma namorada lá.
A namorada do meu irmão dava febre no corpo dele.
Isso ele contava.

No caminho, antes, a gente precisava
de atravessar um rio inventado.
Na travessia o carro afundou
e os bois morreram afogados.
Eu não morri porque o rio era inventado.

Sempre a gente só chegava no fim do quintal
E meu irmão nunca via a namorada dele -
Que diz-que dava febre em seu corpo."
(Manoel de Barros)

Suely Laitano Nassif e Bianca Giannotti Barros

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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Pocoyo - Não Toque

Para Spitz, a aquisição da capacidade de dizer "não" é um grande evento da primeira época da vida: a conquista da primeira palavra que serve para dialogar e não só para designar um objeto.

No segundo ano de vida, o "não" teimoso da criança não significa que ela discorde do que está lhe sendo proposto ou imposto: a criança diz "não" para afirmar que, mesmo ao concordar ou obedecer, ela está exercendo sua própria vontade, a qual não se confunde com a do adulto.

O uso do sim e do não, no discurso de cada um de nós, pode ser um indicador psicológico valioso.

É preciso distinguir entre "sim" e "não"
- "objetivos", que têm a ver com a questão da qual se trata (quero ou não tomar café),
-"subjetivos", que expressam uma disposição de quem fala, em relação ao outro, sem levar em conta o que está sendo negado ou afirmado.

Se o "não" subjetivo é um grito de independência, o "sim" subjetivo é uma covardia, consiste em concordar para evitar os inconvenientes de uma negativa que aborreceria nosso interlocutor.

Fonte:
http://contardocalligaris.blogspot.com/2009/09/dificuldade-de-dizer-nao-ou-sim.html



Suely Laitano Nassif
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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Como se dá a aprendizagem de leitura e escrita segundo as novas teorias de letramento?

As novas teorias de letramento, que tiveram início nas idéias de Freire (1970) e que hoje contam com diversos autores, propõem que é na construção de sentidos que se dá a aprendizagem da leitura e da escrita. Essa construção de sentidos requer um envolvimento direto do leitor com o texto, ou seja, um precisa passar a fazer parte do outro, para que o sentido transite e possa ser construído. É por isso que leitores diferentes vêem os mesmos textos de forma diferente, já que ler e interpretar envolve utilizar as próprias ferramentas, histórias de vida, sensações e visões de mundo, que são únicas de cada indivíduo.

Com base nessa premissa, os autores dos novos letramentos apontam para a necessidade de os professores adotarem uma visão de letramento que seja mais flexível e abrangente, já que, segundo as teorias do letramento crítico, tornar alguém letrado vai além de torná-lo capaz de decodificar o alfabeto, formar palavras, utilizar a gramática corretamente e responder perguntas de compreensão. Compreender o processo de letramento como uma prática sociocultural implica em compreender o processo de leitura e escrita e sua aquisição como um processo contextual, que depende das práticas sociais, culturais, políticas, econômicas e históricas que o permeiam.

Lankshear & Snyder (2000) também propõem uma perspectiva sociocultural de letramento, apontando para as três dimensões ou aspectos que compõem a prática de ensino e aprendizagem – o aspecto operacional, o aspecto cultural e o aspecto crítico.
O aspecto operacional inclui competência com as ferramentas, técnicas e procedimentos necessários para lidar com o sistema de língua escrita, além de levar em conta a gama de contextos em que um determinado texto pode ser lido.
A dimensão cultural do letramento se refere à competência relacionada ao sistema de construção de sentido, ou seja, à capacidade de compreender o texto em relação aos contextos de leitura.
Já o aspecto cultural do letramento envolve a conscientização de que todas as práticas sociais, e, conseqüentemente, todas as formas de letramento, são socialmente construídas, ao mesmo tempo em que são seletivas, ou seja, incluem algumas representações e classificações, como valores, regras, padrões e perspectivas, ao mesmo tempo em que excluem outras.

O fato de que o ensino de leitura e escrita é geralmente feito sem que se explicite que se trata de uma prática socialmente construída faz com que os alunos não tenham um papel ativo nesse processo, tornando mais difícil uma possível tentativa de mudança (Lankshear &, Snyder 2000). Essa proposta de letramento, focada em três aspectos – operacional, cultural e crítico - tem o objetivo de complementar e suplementar as competências técnicas através de sua contextualização. Ao invés de se manter o foco no conhecimento sobre “como fazer”, essa proposta sugere que se adéqüe a prática ao contexto cultural e histórico. Dessa forma, o que se aprende na escola pode servir para as relações que se estabelecem também fora dela, ou seja, as práticas escolares podem ter maior relação com as práticas sociais autênticas com as quais os alunos irão se deparar durante suas trajetórias de vida.

Renata Quirino de Sousa

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