
Na Educação Infantil nos deparamos constantemente com questionamentos tanto por parte dos educadores, quanto dos pais dos alunos, no tocante à organização e classificação de grupos por conta da faixa etária, tão discutida e tão complexa.
Não é à toa que os órgãos normatizadores da educação estão sempre modificando a data de ingresso no ensino básico, a exemplo da Deliberação CEE 73/2008, que autoriza a matrícula da criança no 1º ano do ensino Fundamental ao completar 6 anos até 30 de junho e depois na Resolução CNE/CEB nº 01/2010 que muda tal data para 31 de março. Como se percebe com estes dois exemplos, em menos de 2 anos a data mudou e os educadores ficaram com as questões práticas desta legislação, o que causa grande impacto na organização dos agrupamentos na Educação Infantil.
De um lado, os pais, que se espelham na sua história de vida, na trajetória dos filhos mais velhos, que não passaram por esta nova forma de classificação e precisam de um novo olhar para aceitá-la. Para eles fica a impressão de que seu filho está sendo prejudicado, quando aniversaria no segundo semestre e “perde” um ano de estudos, entrando na faculdade mais tarde do que imaginaram.
De outro, os educadores e governantes, que discutem incessantemente os porquês do fracasso escolar, das reprovações, às vezes ocasionadas exclusivamente por imaturidade da criança que ingressou no ensino básico e aniversaria bem no final do ano.

Toda esta discussão já é um bom material para que os educadores e seus parceiros tenham bastante o que pensar e argumentar, mas o escopo aqui é o propósito de falar sobre as disabilidades e seus entornos, então vamos lá, no que isso implica a questão da idade?
Os profissionais que trabalham com as crianças, desde sua tenra idade, têm critérios de avaliação suficientes para entender em que estágio do desenvolvimento elas se encontram, respeitando as diferenças de ritmo de aprendizagem é claro, mas conseguem “ver de longe” que algo está errado, quando se deparam com uma criança em atraso de desenvolvimento ou qualquer outro transtorno.
Se os órgãos públicos não conseguem definir a melhor idade para ingressar no ensino básico, quem dirá a dificuldade em se convencer os pais de que algo anda errado e que precisa de investigação profissional, no desenvolvimento de seu filho? Constantemente se ouve: “Mas ele é tão pequeno, só vai pra escola para brincar e ter amigos...” ou “Como a professora sabe que meu filho tem problemas, ele nem sabe falar ainda?”
Renata Siqueira Silva
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