"MARIANA nos convida para uma interessante jornada, emprestando-nos “seu olhar” para mostrar,
através da narrativa de seus pensamentos, sentimentos e emoções, tudo que existe além das “DIS-HABILIDADES”.
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segunda-feira, 28 de junho de 2010

A foto da menina com a boneca

Foi desta mesma época... a historia da foto com a boneca.
Sua avó tinha muitas irmãs.

Uma delas morava perto do Museu do Ipiranga.
Em um sobrado com varandinha na frente. Outra daquelas casas de assoalho impecável. Tudo muito arrumado, cheio de troféus, quadros... e um piano pomposo na sala lateral.

Era costume da família... ter uma chapeleira na entrada.
Na chapeleira da casa da tia Elvira, irmã da avó, havia como enfeite uma linda boneca de porcelana, de vestido de seda e cabelos perfeitamente arrumados. Uma peça preciosa, delicadíssima, que era exibida com muito orgulho.
Em uma tarde de domingo, foram visitá-la e levar seu irmãozinho para que ela o conhecesse.
Mariana, assim que chegou na casa, ficou encantada com a boneca.

Logo disseram que ela não poderia mexer nela.
A idéia ficou na sua cabeça o tempo todo enquanto esteve lá.
Queria a boneca.
Tinha que pegar aquela boneca no colo.
Parecia impossível!

A visita seguiu e, depois do chá, resolveram passear no jardim do museu que ficava ali perto. Aproveitariam para tirar umas fotos.
Mariana, quando soube da foto, foi logo dizendo que queria tirar uma foto com a boneca.
Todos ficaram intrigados com a idéia.Todos tentando persuadi-la que não seria possível.
Mariana não conseguia entender como não poderia ir com a boneca...era só para tirar uma foto!Tanto fez que os adultos não tiveram outra escolha senão levar a boneca no passeio.
Mariana tirou a foto desejada... mas o sorriso não conseguiu aparecer na foto. Foi assim que Mariana inaugurou uma longa série de fotos sem sorrir, sempre por algum motivo, que ela não conseguia compreender direito o significado ou que não conseguia se explicar para conseguir o que queria. Ela se ressentia.

Suely Laitano Nassif
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domingo, 27 de junho de 2010

O que é Discalculia?



Você sabia que existe a dislexia matemática?


Suely Laitano Nassif
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sábado, 26 de junho de 2010

Usando o chapéu do vovô

Nessa época, ela morava na casa da rua Apeninos. Tinha um pouco mais do que dois anos. O primeiro irmãozinho tinha acabado de nascer.

Esta é uma casa cheia de lembranças, marcadas pelo céu azul intenso do quintal, que contrastava com o interior escuro da casa e seu assoalho de taboa larga... usadas como piso nas casas antigas. Assoalho sempre bem encerado, cheirando a limpeza e comida gostosa.

Ela morava com os seus pais, numa daquelas casas antigas... que ainda existem na rua Apeninos. Eram duas casa, uma em cima da outra.
Os avós moravam na de cima e os pais na de baixo. As casas se comunicavam por uma escada de cimento rústico, bem lavado... na lateral externa da casa. A escada tinha dois lances, separados por um patamar, como um terraço que dava para o Tênis Club Paulista, que ficava na rua debaixo. Neste patamar ficava o “quarador” de roupa... feito, como se usava naquele tempo, com uma folha de zinco, cheirando a água e sabão... cheirado a roupa limpa aquecida de sol.

Esta é uma casa cheia de lembranças!
Foi lá que Mariana viu chegar o rádio. Um radio grande de válvula que veio ocupar um lugar central na sala da casa dos pais. Na mesa redonda... com toalha de veludo, adamascado. “O que seria aquilo?”, pensou Mariana.
A lâmpada do lustre da sala... ganhou uma peça diferente... e o rádio foi ligado no lustre.
Quanta admiração!
Logo, Mariana deixou de lado a novidade e seguiu com sua vidinha, explorando tudo à sua volta.

Foi lá que viu chegar seu irmãozinho de olhos azuis.
Foi lá que Mariana, em uma certa manhã de sol... estava com seu avô na casa de cima, provavelmente porque sua mãe estava ocupada com o irmãozinho... Como fazia todos os dias.
Estava ela sentada em sua pequena cadeira de balanço... vendo o avô tomar café... Tinha esse costume, ficava ali com ele conversando, ouvindo historias, musica... que a vaziam devanear...

Em um certo momento...
Talvez porque houvesse descoberto o chapéu do avô, pendurado na chapeleira...
Talvez porque o avô quisesse criar uma nova brincadeira...
Surgiu a brincadeira de andar com o chapéu do vovô...
que coisa divertida!!!
O chapéu era grande... e ficava caindo de um lado e de outro. Podia ver só para baixo... por ora tudo ficava mais escuro... sem conseguir ver nada a sua volta.

Estava se achando demais!!! Então veio a idéia... queria ir mostrar para a mãe...
E lá foi ela, equilibrando o chapéu... descendo as escadas... um, dois, três degraus... podia ver o quaradouro com as roupas secando ao sol. Podia ver as bolinhas de um lado para o outro dos jogadores de tênis... lá embaixo. Quando o chapéu veio pra frente... cobriu a visão. Atrapalhada... tentanto colocar o chapéu do jeito que tinha gostado, distraiu-se. Não via mais nada, não viu o próximo degrau...tropeçou e caiu.

O chapéu ajudou na queda... a não se machucar demais. Ela bateu com o rostinho no zinco e se cortou.
Foi um grande reboliço... todos correram... Ela ficou com uma pequena marquinha bem debaixo do olho, que tem até hoje... agora no meio da face.

Suely Laitano Nassif
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sexta-feira, 18 de junho de 2010

A Flor Mais Grande do Mundo

"Este é o conto que queria contar.
Sinto não poder narrar contos infantis,
Mas pelo menos, já sabem
Como seria a historia e podem explicar de outra maneira
Com palavras mais sensíveis do que as minhas
E, que talvez mais adiante
É que saberei escrever histórias para crianças.
Quem me diz que um dia não escutarei outra vez esta história
Escrita por você, mas de uma forma mais bonita.

E se as histórias para crianças fossem de leitura obrigatória para adultos?
Seriamos realmente capazes de aprender o que a tanto tempo elas vêem nos ensinando?"
Jose Saramago


Por Suely Laitano Nassif

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terça-feira, 15 de junho de 2010

Competência observatória do educador

Um dos grandes desafios para o educador é enxergar a individualidade na complexidade do grupo com o qual ele trabalha. O grupo é seu principal elemento de trabalho, é nele que as mais variadas facetas sociais se apresentam, é por ele que se trabalha, é em prol dele que se organiza. A formação do educador prioriza o grupo escolar, as metodologias pouco oferecem para que ele possa trabalhar as diversidades e individualidades, a estrutura escolar nem sempre favorece o olhar e a ação diferenciada, e por aí vai uma lista de condições que desfavorecem um olhar específico para as desabilidades, que, muitas vezes, manifestam-se em sala de aula. A verdade é que somos formados para usar algumas formas com nossas crianças, quem é que nos capacita para a diversidade que existe na unidade?

A dificuldade não deve ser combustível para justificar as negligências que ocorrem no tocante à detecção de distúrbios, transtornos e síndromes que comprometem o desenvolvimento do educando. Pelo contrário, deve ser incentivo para desafiar este educador, que tem a percepção de que algo está acontecendo debaixo de seu nariz, a buscar capacitação, parceria, trabalho produtivo e a melhora da criança a qualquer custo.

Nestes 25 anos de trabalho escolar, convenci-me de que o educador tem que aprimorar sua capacidade observatória, mais que qualquer outra habilidade, a fim de detectar quando uma criança está pedindo socorro, quando algo a está impedindo de se desenvolver e, principalmente, de discriminar quando isso é motivado por uma condição ambiental ou fisiológica, se pode ser resolvida com pequenas alterações na rotina, na escola, ou se é necessário ter acompanhamento especializado. Você pode me dizer que isto não é tarefa do educador, movido por comentários do senso comum, que dizem que o educador deve formar. Mas se o educador não enxerga tais problemas, quem enxergará? A família, certamente, está envolvida emocionalmente a tal ponto de não enxergar ou até negar as dificuldades desta criança. É o educador que tem os critérios, não por acaso do grupo, para analisar o que destoa dele.

A Inclusão, tão falada, regulamentada, estudada, implementada nos últimos anos, faz-me pensar até onde os educadores estão preparados e amparados (por quem?) para a demanda que vem ocorrendo na escola. Uma vez, meu diretor me arguiu: “Quando estaremos preparados, se nunca nos desafiarmos a encontrar o caminho, se nunca aceitarmos as crianças “especiais”, de coração?”.

Nunca me esqueci dessa fala!

Renata Siqueira
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domingo, 13 de junho de 2010

O papel das narrativas no processo educacional segundo Bruner (1986)


O processo educacional, para ser efetivo, deve manter seu foco na construção de sentidos, já que é dessa maneira que se pode compreender o que ocorre nas interações sociais, fator fundamental para o processo de letramento.

Para uma educação voltada para a construção de sentidos, deve-se partir da construção de narrativas, termo utilizado por Bruner (1986) não somente para se referir às histórias ou acontecimentos presentes na vida de uma comunidade, mas para se referir a tudo o que é dito ou escrito no processo de construção de sentido. Segundo sua teoria, as narrativas são construídas pelos participantes de uma cultura de forma que lhes pareçam uma representação da realidade, ajudando-os a encontrar explicações para os eventos de seu cotidiano, os quais são comumente vistos como naturais ou inevitáveis. No entanto, segundo o autor, mais do que representar a realidade, as narrativas ajudam a construí-la, já que o sentido de tudo o que dizemos ou escrevemos não está dado anteriormente, mas é interpretado pelos participantes nas interações sociais, os quais irão construir sentidos para o que percebem.

As ações narrativas, na visão de Bruner (1986), são influenciadas por estados intencionais, ou seja, o que se diz ou escreve ao narrar um acontecimento é motivado por crenças, desejos e valores. Daí a impossibilidade de uma narrativa ser “fiel ao fato narrado”, seja porque o indivíduo que narra está influenciado por diversos fatores subjetivos, seja porque, ao narrar, está, de certa forma, construindo um novo fato ou acontecimento. Segundo o autor, não existem várias versões de um mesmo evento, mas vários eventos construídos pelas narrativas de diversos indivíduos ao se referirem a um acontecimento que julgam estar livre de qualquer interferência sua. Daí a crença de cada indivíduo de que a sua “versão” do fato é a mais próxima da “realidade”, quando, segundo o autor, não existe tal fato isento da visão subjetiva de cada indivíduo. Tal constatação não implica na não-existência da realidade, mas na construção de sentido sobre a realidade feita pelos indivíduos através das narrativas.

Desta forma, as narrativas têm papel fundamental no processo de letramento porque é através delas que os alunos percebem o mundo à sua volta e conseguem ver sentido no processo de ler e escrever. É importante que esteja claro para eles, no entanto, que não existe apenas uma interpretação para uma narrativa, uma vez que cada indivíduo, com sua história de vida e sua maneira de ver o mundo, irá construir sentidos para a narrativa com a qual está se relacionando, sentidos estes que não precisam ser exatamente os mesmos que seus colegas ou seu professor irão construir; o que não significa que qualquer interpretação seja válida, apenas que cada leitor irá se relacionar com a narrativa de uma maneira única e que sua construção de sentido, desde que bem argumentada e contextualizada, será sempre válida, mesma que seja diferente de outras interpretações para a mesma narrativa. Ao compreender isso, o indivíduo percebe que pode ser autor do próprio texto, ou seja, que não precisa apenas buscar o sentido pretendido pelo autor do texto que está lendo, mas que sempre irá contribuir para o sentido de um texto através do seu processo interpretativo, que é único; além de ter consciência de que o texto ou narrativa que irá produzir também será interpretado de forma diferente por diferentes leitores.

Renata Quirino de Sousa

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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Um Encontro Inesperado com Valéria Belém e Adriana Mendonça

Obra: O olho do menino
Autor: Valéria Belém e Adriana Mendonça
Editora: Kilps - 2006

Suely Laitano Nassif

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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Falando sobre a Sopa de Letrinhas...

Comentário sobre o Vídeo: Sopa de Letrinhas...
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Assistindo o vídeo lembrei-me da sopa de letrinhas de minha infância, onde com minha mania de organização, me incomodava demais vê-las espalhadas e soltas pelo caldo quente. Não me conformava com esta "bagunça", pois para mim, as letras deveriam estar sempre alinhadas.

Refletindo mais, encontro a forte emoção do imergir no mundo letrado, coisa que antigamente acontecia de modo cartesiano, cheio de regras, ordens, primeiro isso, depois aquilo.

Hoje, com as propostas de letramento, a imersão é natural, diante de uma nova realidade, de crianças e adolescentes que vivem no mundo das informações, leituras, palavras, desde muito cedo e que trazem competências cada vez mais amplas e profundas da leitura e escrita, das interpretações e análises. É como traduzir um mundo que se conhece tão bem, por vivenciá-lo desde o primeiro livrinho de plástico que a madrinha deu para o bebê tomar banho...

É intrigante!

Renata Siqueira
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terça-feira, 8 de junho de 2010

Sopa de Letrinhas...

Imaginação... cria mundos, monstros , aventuras ...
A criança imagina sem perder o encantamento....
Este curta, de Simon Moreau, Bastien Dubois e Joris Baquet de 2007,
apresenta uma menininha frente à sua sopa de letrinhas...


Letrinhas que tomam vida...
que a conduzem ao desconhecido ativando sua curiosidade...
propondo desafios à compreensão do mundo “letrado”...
intrigante impasse que propõe a busca pela melhor saída.


Suely Laitano Nassif

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Postagens relacionadas:
Falando sobre a Sopa de Letrinhas...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Um Encontro Inesperado com Antonio Augusto Machado de Campos

Obra: O menino de olhos azuis
Autor: Antonio Augusto Machado de Campos Neto
Editora: Ateniense - 1997

Suely Laitano Nassif

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domingo, 6 de junho de 2010

A menina e o vento

Muitas são as lembranças... que dançam em minha memória, dos tempos de infância...
daqueles tempos de tantas histórias.

Lembro daqueles dias...
Nós já éramos 4 quando ela nasceu. Uma menina miudinha...e loirinha, muito delicada desde sempre, que foi para nós um grande encantamento.

Ela era a nossa pequena irmãzinha!
Era mais uma menina! Agora seriamos 3 meninas!
Ela era a terceira mas, na verdade, acabou sendo a primeira das 3 últimas meninas de casa.

Naqueles tempos, já éramos uma família grande. Estávamos em 1956-7.
As crianças, entrosadas, participavam das lidas da casa.
Nos finais de semana, o Silvio gostava de fazer faxina na casa.
Ainda lembro-me do esfregão... dos baldes d’água... lavando o chão...tirando tudo da casa para tomar sol, para só, à tarde ...com tudo seco... encerar e lustrar o chão e colocar os móveis no lugar.
A casa era assim... um lugar de grandes brincadeiras..no final de semana. Ela substituía o quintal de mil descobertas e encantamentos dos dias de semana.

Neste tempo morávamos na casa da França Junior.
A casa ficava no alto... em uma rua de poucas construções... de frente a um grande terreno “baldio”. Pode ser que seja por isso que tivesse tanto vento.
Era um vento muito forte!
Existem muitas histórias relacionas a esse vento, que abraçava a casa por todos os lados..., que atravessava a casa, se as portas e janelas ficassem abertas.

Lembro-me de um daqueles domingos com a casa desmontada... as janelas e portas abertas.
Quando nos demos conta...da nossa pequena, que começava a andar.
Ela vinha de dentro da casa... com seus passinhos ainda incertos ... tentando abrir a porta da cozinha e a porta de tela...

Eu estava no quintal ensolarado quando me virei e vi a cena... e vi o vento.
Corri pedindo que ela não se afastasse da porta... com medo que o vento pudesse levá-la.
É assim que me lembro...como todos nós ficamos preocupados com a pequena... porque, para nós, ela era muito pequena... tão pequena que, se não cuidássemos, o vento podia levá-la.

Assim foi que, em nosso imaginário, surgiu a figura da “menina que o vento pode levar”...
Uma historia que fala de uma família e de suas histórias em busca de sentido e significado... em busca de consciência e de identidade.
Afinal, o que é uma família? Como ela se forma?
Como as mães trazem seus filhos à luz... à vida, e como, no desenrolar imperceptível do dia-a-dia vai-se construindo a existência ... que deve vir a constituir uma alma ?
Ah! Quantas histórias!!!
Quanto há a ser dito sobre as mães, que fica, assim, tão escondido!!!

Suely Laitano Nassif
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Postagens relacionadas:
Conta-Reconta: A menina e o vento

sábado, 5 de junho de 2010

A menina que dormia em qualquer canto

Muitas são as lembranças que dançam em minha memória, dos tempos de minha infância... daqueles tempos de tantas histórias!

Lembro-me daqueles dias...
Nós já éramos 5 quando ela nasceu. Uma menininha de olhos bem azuis e cabelos cor-de-mel. Assim que chegou, o berço ainda estava ocupado; então, ela ia dormir no cestinho de vime, todo arrumado com babados e fitas, especialmente preparado para ela.

Não sei bem por que motivo, em um desses dias, logo após ter chegado da maternidade, alguma coisa aconteceu...
e, por algumas horas, minha mãe resolveu colocá-la pra dormir na gaveta de cima da cômoda.
Que coisa admirável!!!
Ter um bebê dormindo na gaveta da cômoda!!!
Que tempos mágicos foram aqueles!
Daquela casa cheia de crianças...
do quintal, das árvores, das flores, da horta... das galinhas e tantos outros bichos...
da casa...sempre limpa, cheirando a comida gostosa.

Foi assim que começou a historia que virou lenda... da irmãzinha “que dormia em qualquer canto”.

Ela chegou em um tempo de muitas mudanças, ou, foi sua chegada que provocou muitas mudanças... talvez um pouco de cada.
A casa estava ficando muito pequena, os quartos cheios de camas. Assim, quando o cestinho ficou pequeno, ela passou para o berço...
a Cê foi para a cama, e eu, que era a mais velha, fui dormir no quarto com a minha avó...
ganhei de presente a possibilidade de ver as estrelas todas as noites antes de dormir.

Antes que ela completasse seus 3 anos, mudamos pra casa grande da Pierre Curie.
Ela já andava por toda a casa... e sempre acabava dormindo em algum lugar inesperado...
deixando a todos “desesperados” para encontrá-la. O medo era que ela pudesse ter ido para a rua.
Esta casa não tinha as escadas e o portão... o portão dava direto para a rua e, muitas vezes, nós o encontrávamos aberto.

Outra historia, que se junta a essa foi que, um pouco mais tarde, ela já era maiorzinha, já com outra irmãzinha pequena, e, à noite, após o jantar, resolvi levá-la para a cama, pois tinha dormido no sofá da sala. Quando estava subindo as escadas, com ela nos braços, ela escorregou e encostou, “de leve”, com a cabeça no degrau. Mas, com o susto, CHOROU MUITO.
E fez com que outra lenda se criasse: a que tinha batido com a cabeça e se machucado muito.
Assim se constroem historias. Histórias de família, que se tornam lendas e que podem, depois, ser contadas...
mas nunca se sabe que lugar e significado vão ter no imaginário de cada um,
nem que desdobramentos podem ter tido...


Suely Laitano Nassif
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sexta-feira, 4 de junho de 2010

Um Encontro Inesperado com Octaviano Correia

Obra: O menino dos olhos azuis de água
Autor: Octaviano Correia
Editora: Sete Dias e Seis Noites - 2007
Suely Laitano Nassif

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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Um sapatinho para parar o trem

As lembranças de Mariana são precoces.
Ela se lembra desse dia, quando tinha um ano e meio, e foi conhecer a avó, que morava no Rio de janeiro.
Ela já andava e estava começando a falar.
Eram tempos das festas juninas. Foi quando ela aprendeu a falar: balão.
Lembra-se da festa que faziam toda vez que apontava para o céu, falando: balão!

Os pais iriam levá-la pela primeira vez... para a avó conhecer.
A expectativa era grande!

Ela podia sentir no ar a agitação de todos e os preparativos que antecederam o grande dia... A mãe fizera um vestido de tafetá azul, de babadinhos, para aquela ocasião. Comprara sapatinhos novos. Arrumara as malas. Tudo pronto... e, no dia marcado, foram para a Estação da Luz. Pegaram o trem para fazer a viagem.

O trem, uma “Maria fumaça”, era daqueles antigos, com caldeira e assentos de ripa de madeira polida. Entraram no trem. Não havia muita gente no vagão.

Os pais se acomodaram... sentaram-se para que a viagem tivesse início.
Ela pensava... quando será que toda aquela agitação iria parar?
Todos aqueles ruídos da estação... até que soa o apito. O trem se põe em movimento.

A janela aberta deixava o vento entrar, mas também as faíscas com um pouco de fumaça.
O pai pensou em fechar a janela...

Ela, no colo da mãe, inquieta com todo aquele movimento, começou a ficar muito incomodada com os postes que passavam correndo... sem parar pela janela.

O que podia fazer?
Mais rápida do que o pai... antes que ele fechasse a janela...
Pensou como resolver o problema.
Tirou o sapatinho do pé e atirou pela janela para fazer o trem parar.

A mãe ficou muito brava, por ter perdido o sapato.
Como iria ver a avó com um único pé de sapato?

Suely Laitano Nassif
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Postagens relacionadas:
Conta-Reconta: Um sapatinho para parar o trem

terça-feira, 1 de junho de 2010

O que são os Novos Letramentos?

Trata-se de uma teoria que foi desenvolvida a partir das idéias de Freire (1975) e que tem embasado pesquisas em países como a Austrália (Snyder & Lankshear, 2000), Canadá (Kellner, 1995), Estados Unidos (Giroux, 2006), Brasil (Soares, 2004), entre outros.

No Brasil, a palavra letramento surgiu na década de 1980, como tradução da palavra literacy, para substituir a palavra alfabetização, trazendo uma mudança de paradigmas na visão do ensino-aprendizagem de leitura e escrita, que deixou de ser visto como um processo meramente decodificatório e passou a ser encarado como um processo mais amplo, de construção de sentido.

O foco dessa linha de pesquisa, portanto, está nos usos sociais da leitura e da escrita, levando em consideração os modos de ler e de se expressar através da escrita em uma sociedade multimodal, ou seja, com diversos tipos de texto, como hipertextos, imagens, ícones, sons, etc., sempre levando em conta que se trata de um processo que nunca é neutro e que não permite apenas uma interpretação, ou seja, que o sentido de um texto é construído na relação leitor-texto-contexto.

Letramento, portanto, significa o desenvolvimento de estratégias que possibilitem toda e qualquer prática social que envolva leitura e escrita, voltada para a construção de sentido e para o desenvolvimento da autoria (Foucault, 2004), ou seja, voltada para uma autonomia do indivíduo neste processo, ajudando-o a se apropriar do próprio texto, deixando de apenas buscar um significado pronto no texto de outros e a utilizá-lo como modelo para o seu, mas, ao contrário, transitar pela leitura e pela escrita de maneira autônoma, apropriando-se do sentido que quer imprimir ao próprio texto.

Essa teoria faz parte da área de estudos da Filosofia da Educação, uma linha que reflete sobre todas as etapas do processo educacional, ou seja, sobre que valores e ideologias estão por trás das práticas pedagógicas propostas e que conseqüências essas práticas tem no processo de formação do indivíduo como um todo.

Se pegarmos como imagem uma árvore, a Filosofia da Educação está interessada nas raízes desta árvore, ou seja, no que não pode ser observado num primeiro olhar, enquanto que outras teorias educacionais preocupam-se com o tronco, que representa as metodologias de ensino e as folhas e frutos, que representam os resultados dessas metodologias, porém, sem refletir acerca das ideologias que sustentam essas metodologias e esses resultados.

Renata Quirino de Sousa

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