"MARIANA nos convida para uma interessante jornada, emprestando-nos “seu olhar” para mostrar,
através da narrativa de seus pensamentos, sentimentos e emoções, tudo que existe além das “DIS-HABILIDADES”.
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terça-feira, 15 de junho de 2010

Competência observatória do educador

Um dos grandes desafios para o educador é enxergar a individualidade na complexidade do grupo com o qual ele trabalha. O grupo é seu principal elemento de trabalho, é nele que as mais variadas facetas sociais se apresentam, é por ele que se trabalha, é em prol dele que se organiza. A formação do educador prioriza o grupo escolar, as metodologias pouco oferecem para que ele possa trabalhar as diversidades e individualidades, a estrutura escolar nem sempre favorece o olhar e a ação diferenciada, e por aí vai uma lista de condições que desfavorecem um olhar específico para as desabilidades, que, muitas vezes, manifestam-se em sala de aula. A verdade é que somos formados para usar algumas formas com nossas crianças, quem é que nos capacita para a diversidade que existe na unidade?

A dificuldade não deve ser combustível para justificar as negligências que ocorrem no tocante à detecção de distúrbios, transtornos e síndromes que comprometem o desenvolvimento do educando. Pelo contrário, deve ser incentivo para desafiar este educador, que tem a percepção de que algo está acontecendo debaixo de seu nariz, a buscar capacitação, parceria, trabalho produtivo e a melhora da criança a qualquer custo.

Nestes 25 anos de trabalho escolar, convenci-me de que o educador tem que aprimorar sua capacidade observatória, mais que qualquer outra habilidade, a fim de detectar quando uma criança está pedindo socorro, quando algo a está impedindo de se desenvolver e, principalmente, de discriminar quando isso é motivado por uma condição ambiental ou fisiológica, se pode ser resolvida com pequenas alterações na rotina, na escola, ou se é necessário ter acompanhamento especializado. Você pode me dizer que isto não é tarefa do educador, movido por comentários do senso comum, que dizem que o educador deve formar. Mas se o educador não enxerga tais problemas, quem enxergará? A família, certamente, está envolvida emocionalmente a tal ponto de não enxergar ou até negar as dificuldades desta criança. É o educador que tem os critérios, não por acaso do grupo, para analisar o que destoa dele.

A Inclusão, tão falada, regulamentada, estudada, implementada nos últimos anos, faz-me pensar até onde os educadores estão preparados e amparados (por quem?) para a demanda que vem ocorrendo na escola. Uma vez, meu diretor me arguiu: “Quando estaremos preparados, se nunca nos desafiarmos a encontrar o caminho, se nunca aceitarmos as crianças “especiais”, de coração?”.

Nunca me esqueci dessa fala!

Renata Siqueira
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Um comentário:

  1. O livro "Cinderela chinesa" (Cia das Letras) conta a história de uma menina que perde a mãe e cujo pai se casa novamente e têm outros filhos. A madrasta manipula o marido para dar atenção somente aos filhos do segundo casamento. Essa menina chinesa então cria um vínculo fortíssimo com a escola e vai ser o seu destaque na escola que um dia fará seu pai finalmente enxergá-la e atender-lhe seu maior desejo: fazer faculdade. No final do livro somos informados de que essa história é verdadeira. Verdadeira ou não, essa menina depositou toda a sua força de vida, todo os seus sonhos e a sua esperança em um futuro melhor na escola. Para mim, esse livro deveria ser lição de vida para todo professor. Ana Brandão

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