"MARIANA nos convida para uma interessante jornada, emprestando-nos “seu olhar” para mostrar,
através da narrativa de seus pensamentos, sentimentos e emoções, tudo que existe além das “DIS-HABILIDADES”.
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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Amizade!

A melhor história por Maurício de Souza...
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Bianca Giannotti Barros

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Foi com esse sentimento de amizade...
que aos poucos foi se constituindo o grupo
que vem trabalhando no "Mariana".

Agradeço a todos,

por partilharem da mesma fé no ser humano
e em suas potencialidades...

por trazerem o melhor de cada um,
em sensibilidade e conhecimentos...

por se proporem a realizar o desafio
de conquistar um território na inter-face de conhecimento
que exige flexibilidade e desapego...

que só é possível realizar através da amizade!

Suely Laitano Nassif

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Comparação dos espantalhos segundo os multiletramentos

Veja essas duas imagens. O que há em comum e o que há de diferente entre elas? Ambas retratam espantalhos. Mas eles não são iguais. Cada um deles traz traços de uma cultura. Tente pensar nas diferenças e atribuir a cada um deles características de um determinado país...

No caso do primeiro espantalho, veja que ele está usando uma camisa xadrez, tipo de vestimenta comum entre os americanos. Além disso, as abóboras que estão colocadas no chão, abaixo do espantalho, são o símbolo da Festividade de Halloween, celebrado em 31 de outubro, nos EUA, conhecido também como "Dia das Bruxas". Outro marcador da cultura norte-americana nesta imagem é o corvo pousado no braço do espantalho. Esse pássaro é mais comum no hemisfério norte, e, na literatura, é um símbolo de desgraça e de morte. Podemos dizer, portanto, que esta imagem retrata um espantalho norte-americano.

No caso do segundo espatanho, veja que ele está uma roupa estampada, a qual é comumente utilizado no cotidiano brasileiro. Além disso, ele tem uma gravata amarela e uma flor, também amarela, no seu chapéu de palha., sendo, todos esses, símbolos de nossa cultura. Este espantalho não está em uma plantação, e sim suspenso por uma espécie de vara, demonstrando que ele foi incoporado à nossa cultura, advindo de países do hemisfério norte, assim como tantos outros símbolos que hoje temos, como o Papai Noel, que, nos dias de hoje, já aparece, em algumas imagens, com uma nova roupagem, usando roupas de verão, que têm mais a ver com o nosso clima tropical. Esse espantalho, portanto, já mostra marcas de uma tradução cultural, ou seja, foi retirado de seu ambiente original e recebeu uma roupagem abrasileirada.

Esse tipo de reflexão crítica sobre imagens nos abre perspectivas de um novo olhar para esse tipo de multimodalidade tão presente em nosso mundo globalizado e que merece uma reflexão cuidadosa, já que, como todo tipo de texto, seja ele tipográfico ou não, sempre traz marcas culturais, sociais e históricas, que precisam ser consideradas. Por isso, a partir de agora, quando olhar para uma imagem, tente encontrar nela marcas culturais, procure ver além da imagem, afinal, imagens também são texto, e, como já sabemos, "uma imagem vale mais do que mil palavras.

Renata Quirino de Sousa

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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Brincadeiras narrativas de Gianni Rodari

Resenha sobre o livro: "Histórias para brincar" - Gianni Rodari - Editora 34 - 216 páginas
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Gianni Rodari é um dos mais férteis escritores de literatura para crianças que a Itália já produziu. Ele recebeu o Nobel da área, o prêmio Hans Christian Andersen, em 1970, e sua obra, criada em um programa de rádio entre 1969 e 1970, é realmente eterna, porque sua imaginação cala fundo nas crianças de todos os tempos.

Esta coletânea de vinte histórias curtas, imaginativas e cheias, de humor são um excelente exemplo de como ele criava e funcionam como um jogo de cartas. Cada história parece se embaralhar, do meio para o fim, propondo para o leitor três finais inusitados, diferentes e divertidos. Alguns finais são mais lógicos, outros mais surpreendentes.

Deste modo, o leitor se vê às voltas com uma chuva de chapéus, um cachorro que pia e deseja aprender a latir, um tambor mágico que afasta ladrões, fantasmas desacreditados, casas feitas de moedas de cinco continentes, uma cidade que fica sem automóveis que são encantados por um flautista e tantas outras histórias.

Esta é uma ótima leitura que serve como mote para criação de redações em prosa ou mesmo poesia em sala de aula. Uma publicação para ser lida em voz alta ou mesmo para ser dramatizada nas aulas de português das segundas e terceiras séries do ensino fundamental. A propósito, entre os livros de Rodari há um dedicado aos professores chamado "A gramática da fantasia" (publicado pela Summus Editorial) em que propõe exercícios de criação literária.

Ana Lúcia Brandão

Fonte:
Histórias para Brincar
UOL Educação - Resenhas - 15/02/2008
http://educacao.uol.com.br/resenhas/ult4283u70.jhtm
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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O menino e a rosa - Helen Buckley

Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande.
Uma manhã, a professora disse:
- Hoje nós iremos fazer um desenho.
"Que bom!"- pensou o menininho. Ele gostava de desenhar leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos... Pegou a sua caixa de lápis-de-cor e começou a desenhar.

A professora então disse:
- Esperem, ainda não é hora de começar!
Ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora, disse a professora, nós iremos desenhar flores.

"Que bom!". Pensou o menininho. Ele gostava de fazer flores. E começou a desenhar bonitas flores com seus lápis rosa, laranja e azul.

A professora disse:
- Esperem! Vou mostrar como fazer.
E a flor era vermelha com caule verde.
- Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.

O menininho olhou para a flor da professora, então olhou para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isso... Virou o papel e desenhou uma flor igual a da professora.
Era vermelha com caule verde.

Num outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre, a professora disse:
- Hoje nós iremos fazer alguma coisa com o barro.
"Que bom!". Pensou o menininho. Ele gostava de trabalhar com barro. Podia fazer com ele todos os tipos de coisas: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e amassar a sua bola de barro.

Então, a professora disse:
- Esperem! Não é hora de começar!
Ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora, disse a professora, nós iremos fazer um prato.
"Que bom!" - pensou o menininho.
Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.

A professora disse:
- Esperem! Vou mostrar como se faz. E ela mostrou para todos como fazer um prato fundo.
- Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.

O menininho olhou para o prato da professora, olhou para o próprio prato e gostou mais do seu, mas ele não podia dizer isso. E fez um prato fundo, igual ao da professora.

E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar, e a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo ele não fazia mais coisas por si próprio.
Então, aconteceu que o menininho teve que mudar de escola. Essa escola era ainda maior que a primeira.

No primeiro dia a professora disse:
- Hoje nós vamos fazer um desenho.
"Que bom!"- pensou o menininho e esperou que a professora dissesse o que fazer.
Mas a professora não disse nada. Apenas andava pela sala.

Então, ela foi até o menininho e disse:
- Você não quer desenhar?
- Sim, disse o menininho, e o que é que nós vamos fazer?
- Eu não sei, até que você o faça, disse a professora.
- Como eu posso fazê-lo?
- Da maneira que você quiser.
- E de que cor?
- Qualquer cor, disse a professora.
- Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber o que cada um gosta de desenhar?
- Eu não sei... disse o menininho.

E então, ele começou a desenhar uma flor vermelha com o caule verde.

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THE LITTLE BOY
By Helen E. Buckley

Once a little boy went to school.
One morning, when the little boy had been in school a while, his teacher said:
- Today we are going to make a picture.
“Good!” thought the little boy. He liked to make pictures. He could make all kinds. Lions and tigers, Chickens and cows, trains and boats, and he took out his box of crayons and began to draw.

But the teacher said:
- Wait! It is not time to begin!
And she waited until everyone looked ready.
- Now, said the teacher, we are going to make flowers.

“Good!” thought the little boy, he liked to make flowers, and he began to make beautiful ones with his pink and orange and blue crayons.

But the teacher said:
- Wait! And I will show you how.”
And it was red with a green stem.
- There, said the teacher, now you may begin.

The little boy looked at the teacher’s. Then he looked at this own flower. He liked his flower better than the teacher’s. But he did not say this. He just turned his paper over. And made a flower like the teacher’s.
It was red with a green stem.

On another day, when the little boy had opened the door from the outside all by himself, the teacher said: “Today we are going to make something with clay.”
“Good!” thought the little boy. Snakes and snowmen, elephants and mice, cars, and trucks, and he began to pull and pinch his ball of clay.

But the teacher said:
- Wait! It is not time to begin!”
And she waited until everyone looked ready.
- Now, said the teacher, we are going to make a dish.
He liked to make dishes. And he began to make some that were all shapes and sizes.

But the teacher said:
- Wait! And I will show you how. And she showed everyone how to make a deep dish.
- There, said the teacher, now you may begin.

The little boy looked at the teacher’s dish, then he looked at his own. He liked his dish better than the teacher’s. But he did not say this. He just rolled his clay into a big ball again. And made a dish like the teacher’s. It was a deep dish.

And pretty soon the little boy learned to wait, and to watch and to make things just like the teacher. And pretty soon he didn’t make things of his own anymore.

Then it happened that the little boy and his family moved to another house, in another city, and the little boy had to go to another school.

And the very first day he was there the teacher said:
- Today we are going to make a picture.
“Good!” Thought the little boy and he waited for the teacher to tell him what to do.
But the teacher didn’t say anything. She just walked around the room.

When she came to the little boy she said:
- Don’t you want to make a picture?
- Yes, said the little boy, what are we going to make?
- I don’t know until you make it, said the teacher.
- How shall I make it? asked the little boy.
- Why, any way you like, said the teacher.
- Any color? asked the little boy.
- Any color, said the teacher.
- If everyone made the same picture, and the used the same colors, how would I know who made what?
- I don’t know, said the little boy.

And he began to make a red flower with a green stem.


Renata Quirino de Sousa
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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A pequena grande contadora de histórias

Podemos considerar que a aquisição da linguagem tem inicio com o choro da criança ao nascer.

Durante o processo de desenvolvimento, a criança aos poucos vai adquirindo suas primeiras palavras através da observação e do feedback auditivo que a criança estabelece, com o objetivo de se comunicar, com aqueles que a cercam: a família.

A primeira fase é a do jargão, em que a criança começa a produzir cadeias de enunciados, meias palavras, ainda não analisáveis, mas que são completamente interpretáveis para nós adultos. Ocorre normalmente até os dezoito meses de vida da criança.

A segunda fase é a das palavras, em que a criança através de imitações desenvolve as primeiras palavras, ocorrendo por volta dos dois anos de idade.

A terceira e última fase seria a das frases onde a criança já emprega estruturas com frasais curtas, com alguns erros de gramática e de pronúncia, mas com significado compreensíveis. Tornam-se capazes de produzir uma verdadeira comunicação.
Aos poucos, ela vai identificando as inadequações em sua produção oral, observando o comportamento adulto e modificando-os.

A linguagem é um instrumento de comunicação e satisfação das necessidades que a criança possui, muito antes de começar a falar. Podemos dizer que a criança ao nascer, já tem a habilidade de usar o olhar, a expressão facial e o gesto para se comunicar.



Suely Laitano Nassif
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Vagalume - Ricardo Ramos Filhos

Pirilampo vagalume
lanterninha a brilhar
risca de luz o negrume
dessa noite sem luar.

Vagalume pirilampo
faiscando sem parar
pipoca de luz o campo
acendendo meu olhar.

Vagalampo pirilume
você me confundiu
já não sei se a luz é lume
ou meu sonho que luziu.

Ricardo Ramos Filho

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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Tesouros da Minha Imaginação

Primeiro de tudo ouvi histórias contadas pelo meu avô materno. Ele me punha no colo dele depois do café da manhã e contava histórias. Seus olhos brilhavam de entusiasmo e eu ficava absorta com aquele mundo mágico que se descortinava para mim. Como a vida profissional é um constante vai-e-vem no mar de histórias, descobri que ele me contava duas histórias entre outras: A casa mal-assombrada de Câmara Cascudo coletada por Sônia Junqueira pela Atual e uma história que ia desenhando o passeio de um patinho que terminava com o desenho do pato no papel. Décadas mais tarde, uma aluna me disse que essa história havia sido publicada na Folhinha de São Paulo na época da Maria Heloisa Penteado, nos idos dos anos 60.

A família da minha mãe freqüentava uma loja de departamentos chamada Sears, que ficava na Água Branca, onde hoje fica o West Plaza. Os passeios à essa loja eram incríveis porque envolvia sempre livros infantis diferentes e uns chocolatinhos com foundant de licor que eram um sonho.

Minha tia Maisa me presenteava no Natal sempre com um livro fascinante: uma vez “A Branca de Neve” em kirigami, outra vez um livro cartonado da Mother Goose com bonecos fotografados no alto e texto na parte de baixo. Foi lá que conheci a mais maravilhosa imagem do Humpty Dumpty e Twendledee, Twendleduu da minha vida. O universo das imagens também invadiu cedo a minha vida. Eu amava ficar horas olhando imagens em um aparelho chamado View Máster. Com ele passei “virtualmente” no Museu de História Natural com o Pernalonga e Patolino, conheci os sopradores de vidro mexicanos e por aí afora. Eram disquinhos de imagens que se comprava e se assistia no View Master. Eu doei esse material para a Sala de Leitura da Monteiro Lobato e os emprestava ás crianças que pediam.

Meu primeiro quebra-cabeças foi com uma cena da Mary Poppins. Meus primeiros livros de Monteiro Lobato com ilustrações de Manoel Victor Filho foi meu pai quem me deu. Foi quando inconscientemente descobri que o humor que corria pela família era uma fatocitose lobateana. As Mil e uma noites de Malba Tahan foi presente de meu pai também. Havia uma página com uma mulher com as mãos decepatadas que bloqueou a leitura da história. Achei aquilo tão violento que fechei o livro e nunca mais o abri.

Cedo descobri que a leitura de histórias, como os Contos de Andersen pela Editora Bruguera colaboravam sobremaneira no destaque que cedo tive com minhas redações escolares. As histórias alimentam novas histórias, escritas ou contadas. Esse é um processo que me remete a carta do Mundo do Tarô mitológico de Liz Greene. Diz ela: “A serpente do mundo tem dois sexos, masculino e feminino e a capacidade de autofecundação, sendo imortal e completa. È a imagem de Deus e da Natureza fundidas num único símbolo. Os quatro símbolos dos elementos água, fogo, ar e terra, representam os potenciais latentes dentro do ser humano, que esperam para atuar na nova personalidade. Os bastões dourados estão associados à varinha mágica de Hermes, uma vez que a personalidade que acaba de renascer terá condições de se desenvolver com muito mais firmeza dentro dos reinos do sentimento, da imaginação, do intelecto e da razão”. Durante anos, usei a imagem do Amaru, mito peruano e latino-americano como símbolo do contador de histórias: ele enfrenta as adversidades, traz vida de volta à terra e depois as histórias contadas, vividas e ouvidas por ele ficam inscritas em suas escamas, as dele e a de todo povoado.

Ana Lúcia Brandão
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