A menina estava sempre envolvida com as três bonecas, o cachorro e a cantoria.
De manhã bem cedo já cantarolava, brincando.
O pai, ao sair para o trabalho, deu a ela uma função:
Deveria catar as pulgas do cachorro.
Mas as pulgas pulam! Disse a menina.
Então o pai entregou-lhe um vidro com uma tampa e dizendo que ali as pulgas poderiam pular à vontade.
Ele pagaria alguns centavos de cruzeiro por cada pulga "envidrada", no final do dia.
Não seria difícil, pois o cachorro tinha um tom leitoso e adorava cafunés.
A menina passava os dedinhos entre os caminhos do cão e, de vez em quando, via uma pulga minúscula.
Começava então a aventura de ser mais rápida que elas.
Dedinhos, caminhos e pulgas! Cuidado minucioso ao pinçar a pulga entre o pequeno polegar e o indicador.
Pronto! Uma estava já garantida. Outra e mais outra.
Assim, durante muitas tardes a cantoria embalava o cão, deitado ao lado das três bonecas e a menina conseguia pelo menos umas sete pulgas para colocar no vidro.
Ela gostava de ter algumas moedas assim, como merecimento. Era até divertido.
Enquanto catava e cantava ela podia imaginar que as pulgas eram moedinhas de ouro que ela encontrava no caminho, na estradinha da floresta do cachorro.
Aquelas moedinhas um dia virariam letras e saberiam encontrar seus caminhos.
Moedinhas de ouro...
Ouro em memórias.
Ouro que são histórias
De meninas, bonecas, cachorro
e abraço de pai.
Escrito por Rita Nasser
Uni, duni, tê
Salamê, minguê
Para brincar de contê
O escolhido foi você!
Conta uma também...
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