"MARIANA nos convida para uma interessante jornada, emprestando-nos “seu olhar” para mostrar,
através da narrativa de seus pensamentos, sentimentos e emoções, tudo que existe além das “DIS-HABILIDADES”.
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domingo, 26 de setembro de 2010

É tempo de ler e se divertir: Histórias de Amor 2/4

Ainda na linha da prosa poética encontramos “a janela da história” na qual vive Lia de Itamaracá, “senhora velha e gozada, saia de vento rodada, sombrinha de tanta fita!”. Aqui, em “Ciranda de anel e céu” (Global), Sylvia Orthof, com a colaboração dos traços doces cheios de fitas de Cláudia Scatamacchia, conta a história escondida que existe por trás da cantiga de roda: “Essa ciranda quem me deu foi Lia, que mora na areia de Itamaracá!”. Essa divertida história de amor e ódio entre o Sol e o anel do cirandeiro ó, é tão amalucada que só acaba brincando de “faz-de-conta”, porque o Sol resolve seu ciúmes do anel do cirandeiro “que brilha mais do que o Sol”, virando um jovem cirandeiro e namorando Lia, que agora é uma bela sereia.

Outra história cujo tema é o ciúmes chama-se “Beijos mágicos” de Ana Maria Machado (FTD), um texto sensível e belo. Nele, Nanda, uma menina de pais separados, vê seu pai apaixonado por outra mulher. Ela tem certeza de que a mulher é uma bruxa que o enfeitiçou e por isso não aceita ser beijada por ela como ele. Mas um dia Nanda se machuca, a mãe está longe e ela aceita o carinho da “bruxa”. Em outro dia, aquela mulher de barriga enorme, aparece com um bebê. Nanda fica tão contente com a novidade que desata a dar “beijos mágicos” em todos, transformando a grande bruxa em “gente de verdade”.

Se o pensamento mágico de Nanda é capaz de coisas de outro mundo, que dizer do medo de amar, tema de “A princesa Raga-Si” de José Arrabal, que faz uso do tom das trovas medievais de amor cortês na sua confecção. Ela é uma princesa indiana que não aceita aventurar-se com o marinheiro Inayat-Sol pelos mares da vida. Fechada em seu branco “encardido” Raga-Si acaba conhecendo a vida e seus segredos pelas mãos de um cego. Diz ele para ela: “- Vem sem temor, Raga-Si! Traz o seu branco consigo. Vem por lá e mais aqui e vem sem medo de si!”. Sentindo o pulsar da vida, R
aga-Si então aceita conhecer os encantos do belo marinheiro. Esse belo conto aparece em meio ao universo da cultura indiana criado por Cláudia Scatamacchia.

Outra história de amor, baseada em uma lenda mexicana é “A princesa e o guerreiro: uma história de amor” de Anna Göbel, com tradução de Sônia Junqueira (Formato). Aqui, a menina Laura, expulsa da classe, encontra na biblioteca um retábulo antigo que conta uma lenda, a do guerreiro que se apaixonou por uma princesa. Laura decifra as letras e lê a história dos dois. Eles se amam, mas a guerra se interpõe a esse amor. Uma guerra injusta, que quando termina, traz a notícia da morte do bravo guerreiro. A princesa reage caindo em um sono profundo. O povo traz flores para reavivá-la. Seu corpo fica leve e desaparece em uma neblina. Depois uma chuva de três dias assola o lugar. Após a chuva, dissipa-se o nevoeiro e surgem dois grandes vulcões. “Naquele momento, os moradores da floresta souberam que os dois vulcões eram a princesa e o guerreiro, que haviam encontrado a maneira de estar eternamente unidos, entrelaçando-se e irradiando aos quatro ventos o amor que nascia de suas entranhas”. As ilustrações em tecido pintado com os traços expressionistas de Anna Göbel, ora mostram o retábulo, ora resumem momentos da história, completando o clima de drama e mistério propostos pelo texto.


Ana Lúcia Brandão

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