"MARIANA nos convida para uma interessante jornada, emprestando-nos “seu olhar” para mostrar,
através da narrativa de seus pensamentos, sentimentos e emoções, tudo que existe além das “DIS-HABILIDADES”.
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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Conta-Reconta: "A menina e o vento"

História Original: A menina e o vento
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POR ANA LÚCIA BRANDÃO

Bem pequena morei no alto das ondas do Sobre-as-ondas, no Guarujá.
Como estávamos em idos de 1962, 63 não havia outros prédios e portanto, era ali mesmo, no terraço de casa que o vento fazia a curva. Ele uivava e quando o dia era de sol isso soava divertido.

Quando o dia era de tempestade, era assustador.
Mamãe então me pedia: - Faz o vento parar? Eu subia no terraço e falava: - Pára vento. Às vezes ele me ouvia, às vezes não. Quando ouvia, eu me sentia importante, quando não, ficava chateada.

POR SUELY LAITANO NASSIF

São muitas as histórias de vento!!! Na minha infância o vento era forte, muito forte... era grande, era imenso. Ele vinha assim de repente, varrendo tudo que via pela frente. Tínhamos que conviver com ele, as vezes só vento, as vezes trazendo a chuva. Depois do vento, depois da chuva... sempre encontrávamos coisas no quintal.

Num desses dias, depois de passada a tormenta... querendo brincar no quintal molhado... tivemos uma surpresa. Num canto do quintal havia um amontoado grande... que ficara preso nos galhos da amoreira. Ficamos com medo de nos aproximar. O que poderia ser aquilo? Hesitei por uns instantes, resolvi pegar um cabo de vassoura... para, com um empurrão aqui, outro ali... deixar cair o amontoado que estava preso na arvore. Caiu no chão pesadamente. O que poderia ser aquilo? Nesse instante, milha mãe chamou para o jantar... Foi melhor assim... podia adiar o próximo passo.

No dia seguinte, o volume com cara de coisa mais conhecida podia enfim ser desembrulhado. Que surpresa!!!! Era uma colcha de crochê... cuidadosamente confeccionada, que seguiu conosco por muitos e muitos anos... Esperei por muito tempo que alguém viesse reclamar por ela. Mas como saber? Como devolver o que o vento tinha trazido? Sempre me perguntava.. Quem teria perdido aquela peca? Que significado teria? Meu coração sempre ficava apertado com esses pensamentos...

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POR ANA LÚCIA BRANDÃO

Um dia assisti ao filme da "Mary Poppins", uma babá que chegava voando de guarda-chuva em um dia de muito vento. Sempre quis ter um guarda-chuva assim. Décadas mais tarde, uma tarde, de guarda-chuva Samira aberto, o vento me pegou na curva e quase me levantou. Sorri com aquilo, lembrando do meu antigo desejo de infância, que finalmente se realizava, assim, inesperadamente.

POR SUELY LAITANO NASSIF

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Postagens relacionadas: Meu guarda-chuva amarelo

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Conta-Reconta: "Um sapatinho para parar o trem"

História Original: Um sapatinho para parar o trem
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POR ANA LÚCIA BRANDÃO

As mães às vezes não entendem...

Conforme o momento, o sapato pode ser a caminha de uma rãzinha que entra pela janela, pode ser um barquinho que bóia em uma poça d´água e tem dias em que o sapato voa para parar um trem. Esse é um sapato com vocação para herói: quer fazer um feito que marque a História de Mariana e seus pais. Enquanto isso a mãe da Mariana está preocupada com o que todos acharão de uma menina com um só sapato no pé.

Os sapatos tem um problema: tem uma função de calçar pés descalços e só de vez em quando podem fugir para atos heróicos. Terá o sapato parado o trem? Ou simplesmente o sapato deu uma cambalhota e passou ao largo do trilho do trem? Será que uma criança pegou o sapato voador e fez dele um bote salva-vidas de uma meia nova?


POR SUELY LAITANO NASSIF

Era assim muito pequena...
naquele tempo
que todos pensam que nós nada pensamos.

tinha um ano e meio...quando me importei
com o vento...
com a fumaça...
com o desconforto da minha mãe...
com as idéias que meu pai tinha na cabeça...

tentei arranjar um jeito usando o que tinha
para resolver o problema...

sem saber ainda de todas as possibilidades...
que meu sapatinho poderia ter....
mas as mil possibilidades vieram
como um arco-íris
de muitas cores...
vieram colorir e inundar a minha infância com muitas histórias...

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POR ANA LÚCIA BRANDÃO

Talvez, talvez.
Agora, essa mania de pôr e tirar os sapatos é mania que toda criança pequenina tem no seu tempo de carrinho e colo. Põe e tira, vai e volta. E ele volta magicamente, com as mãos enormes da mãe. Um gesto automático, que dá a entender que os sapatos tem imãs que atraem pezinhos gordinhos. Aí quando um dia ele não volta, a criança fica olhando o pé com ar de curiosidade.

Ué, para onde será que o sapato foi?


POR SUELY LAITANO NASSIF

É mesmo!!!
Mariana ficou com um sapatinho só...
que pode voltar... quem sabe...
como na história de Cinderela...
ali jogado...
pode ser achado por um príncipe...
e as histórias
formam assim uma grande roda de histórias...

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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A menina que morreu

Eu devia ter uns 5 anos.
Estava brincando no quintal... era meio da tarde...
naquele longo quintal da casa da minha avó, no Paraíso.

Naquele quintal enorme...
do grande carvalho e dos eucaliptos, que marcavam o começo do fim do quintal.
Era lá que ficavam o balanço... a pitangueira... Depois deles, havia uma espécie de mato grande, lugar de pouco acesso, cercado pelo muro que, nesse pedaço, era coberto de musgo. Foi lá que, em um tempo, meu avô construiu um grande galinheiro... com galinhas todas brancas.

Estava naquela outra parte ensolarada, mais próxima da casa...
naquele espaço cortado por um caminho que separava o canteiro de flores, da horta...
daquele pedaço de muro...
que tinha um buraco de onde podia ver a casa do vizinho.

Entre a casa e o quintal havia um largo corredor na entrada da casa,
com um portão de madeira muito alto, pintado de marrom,
que fazia barulho quando se abria e quando se fechava.
Foi o barulho do portão que me chamou a atenção.

Minha mãe e minha avó tinham chegado da rua e logo foram contando para o meu avô o acontecido, sem saber que eu estava ouvindo. Elas falaram do bonde, do bonde camarão... uma coisa assim... de uma menina que morava numa rua em que passava o bonde... e que ela tinha morrido. Fiquei assustada, sem compreender direito!!!
A menina estava brincando de pular, pular corda... pular os degraus da casa... se desequilibrou e o vaso virou sobre ela e ela morreu.
Que história aquela!

Como será que um vaso pode cair e matar uma menina?
Precisava saber logo como isso podia acontecer. Desci correndo as escadas do quintal... entrei em casa... perguntando como e por quê. Não devia ter ouvido a história, por isso eles desconversaram... e eu fiquei para sempre querendo entender como tudo tinha acontecido.

Em minha memória, era uma casa perto de uma esquina onde o bonde fazia a curva. A casa tinha uma escada na entrada, com dois grandes vasos... e a menina brincando... encostou em um deles... e de repente... alguma coisa aconteceu e ela morreu. Como? Onde?
Fiquei sem saber.
Foi só agora, escrevendo as histórias, que descobri.

Este episódio mudou completamente o rumo da minha vida,
sem mesmo saber direito o que tinha acontecido.

Minha mãe tinha ido ver uma casa na rua, para a gente mudar e ficou sabendo do ocorrido. Por causa disso, deixei de ir morar no Bosque e fui morar no Jardim.

Nunca esqueci a aflição que senti...
pensando na menina com seu vestido de organdi,
na poça de sangue e terra...

Suely Laitano Nassif
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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Considerações sobre o "I Encontro Nacional de Produções Literárias e Culturais para Crianças e Jovens"

O evento está sendo uma grande descoberta!!!
Um novo mundo, por mim desconhecido...

Uma grande viagem!!!
Uma viagem ao mundo da LITERATURA INFANTIL...
das histórias, ilustrações, editoras e edições...

das adaptações de histórias clássicas...
em papel, cordel, cinema, teatro...
as adaptações do contador de histórias...

as histórias contextualizadas na História...
as histórias que não são História ou fazem História???
Que mundo fascinante!!!!

O mundo de Alice e de Pinóquio...
A Jornada do Herói... como roteiro arquetípico, visto como roteiro...

Pinóquio e a mentira... a questão da verdade... a questão da ética.
Pinóquio, Alice e Emília de Lobato...
Alice e o coelho...
a quebra...
a descontrução em busca de novos paradigmas???
A infância descortinada???

Estão sendo momentos inesquecíveis !!!...

Suely Laitano Nassif

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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Overview - Antigas Cartilhas

A alfabetização através da cartilha passa a ser discutida após as pesquisas feitas por Emília Ferreiro e Ana Teberosky que analisam à luz da Psicologia Genética de Piaget as fases iniciais do processo de aquisição da língua escrita e a formação de conceitos utilizados pelas crianças a partir dos 3 a 4 anos de idade.

Com as cartilhas, a escola não conseguia alfabetizar mais que 50% dos seus alunos.

"A repetência e a evasão escolar era um monstruoso fastasma para as crianças, pais e professores". (Cagliari,1998)



"[...] A minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual,
por trás da mão que pega o lápis,
dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam,
há uma criança que pensa."
Emília Ferreiro


Por Suely Laitano Nassif
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