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Bem pequena morei no alto das ondas do Sobre-as-ondas, no Guarujá.
Como estávamos em idos de 1962, 63 não havia outros prédios e portanto, era ali mesmo, no terraço de casa que o vento fazia a curva. Ele uivava e quando o dia era de sol isso soava divertido.
Quando o dia era de tempestade, era assustador.
Mamãe então me pedia: - Faz o vento parar? Eu subia no terraço e falava: - Pára vento. Às vezes ele me ouvia, às vezes não. Quando ouvia, eu me sentia importante, quando não, ficava chateada.
Como estávamos em idos de 1962, 63 não havia outros prédios e portanto, era ali mesmo, no terraço de casa que o vento fazia a curva. Ele uivava e quando o dia era de sol isso soava divertido.
Quando o dia era de tempestade, era assustador.
Mamãe então me pedia: - Faz o vento parar? Eu subia no terraço e falava: - Pára vento. Às vezes ele me ouvia, às vezes não. Quando ouvia, eu me sentia importante, quando não, ficava chateada.
POR SUELY LAITANO NASSIF
São muitas as histórias de vento!!! Na minha infância o vento era forte, muito forte... era grande, era imenso. Ele vinha assim de repente, varrendo tudo que via pela frente. Tínhamos que conviver com ele, as vezes só vento, as vezes trazendo a chuva. Depois do vento, depois da chuva... sempre encontrávamos coisas no quintal.
Num desses dias, depois de passada a tormenta... querendo brincar no quintal molhado... tivemos uma surpresa. Num canto do quintal havia um amontoado grande... que ficara preso nos galhos da amoreira. Ficamos com medo de nos aproximar. O que poderia ser aquilo? Hesitei por uns instantes, resolvi pegar um cabo de vassoura... para, com um empurrão aqui, outro ali... deixar cair o amontoado que estava preso na arvore. Caiu no chão pesadamente. O que poderia ser aquilo? Nesse instante, milha mãe chamou para o jantar... Foi melhor assim... podia adiar o próximo passo.
No dia seguinte, o volume com cara de coisa mais conhecida podia enfim ser desembrulhado. Que surpresa!!!! Era uma colcha de crochê... cuidadosamente confeccionada, que seguiu conosco por muitos e muitos anos... Esperei por muito tempo que alguém viesse reclamar por ela. Mas como saber? Como devolver o que o vento tinha trazido? Sempre me perguntava.. Quem teria perdido aquela peca? Que significado teria? Meu coração sempre ficava apertado com esses pensamentos...
Num desses dias, depois de passada a tormenta... querendo brincar no quintal molhado... tivemos uma surpresa. Num canto do quintal havia um amontoado grande... que ficara preso nos galhos da amoreira. Ficamos com medo de nos aproximar. O que poderia ser aquilo? Hesitei por uns instantes, resolvi pegar um cabo de vassoura... para, com um empurrão aqui, outro ali... deixar cair o amontoado que estava preso na arvore. Caiu no chão pesadamente. O que poderia ser aquilo? Nesse instante, milha mãe chamou para o jantar... Foi melhor assim... podia adiar o próximo passo.
No dia seguinte, o volume com cara de coisa mais conhecida podia enfim ser desembrulhado. Que surpresa!!!! Era uma colcha de crochê... cuidadosamente confeccionada, que seguiu conosco por muitos e muitos anos... Esperei por muito tempo que alguém viesse reclamar por ela. Mas como saber? Como devolver o que o vento tinha trazido? Sempre me perguntava.. Quem teria perdido aquela peca? Que significado teria? Meu coração sempre ficava apertado com esses pensamentos...
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Um dia assisti ao filme da "Mary Poppins", uma babá que chegava voando de guarda-chuva em um dia de muito vento. Sempre quis ter um guarda-chuva assim. Décadas mais tarde, uma tarde, de guarda-chuva Samira aberto, o vento me pegou na curva e quase me levantou. Sorri com aquilo, lembrando do meu antigo desejo de infância, que finalmente se realizava, assim, inesperadamente.
POR SUELY LAITANO NASSIF
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