Todas as crianças
sabiam fazer bolas de chicletes, menos Catarina!
E não era por falta de tentativa,
não...
Saber fazer bola era uma arte! E não
engolir o chiclete era outra, principalmente porque as mães falavam cada coisa
que qualquer criança ficada apavorada: Gruda
na tripa!
As crianças nem imaginavam o que seria
aquilo, mas devia ser algo muito grave.
Era assim como engolir sementes de
laranja e imaginar-se com uma laranja nascendo pelo ouvido ou nariz.
Engolíamos chicletes e sementes...
Engolimos ainda! Chicletes, sementes e
sapos.
Mas, a sabedoria de lidar com as perdas
e fracassos era aprendida “em campo”, nas esquinas nebulosas da infância.
A imaginação era muita! Hoje é escassa.
Éramos criativos e talvez por isso a
superação das adversidades era apenas
uma questão de tempo.
Hoje
eu sei que resiliência e chiclete tem tudo a ver!
TUTI- HORT- FRUT
Nham-nham-nham…
Tssssssssssssssss
Ploft.
Nham-nham-nham…
Tssssssssssssssss
Ploft.
Nham-nham-nham…
Nham-nham-nham…
Nham-nham-nham…
Tsssssssssssssssssss
*Eu
tinha por volta dos oito ou nove anos e não sabia fazer bola de chiclete.
Certo
dia, resolvi aprender… Comprei dois deles, sentei num degrau da escada lá de
casa e fiquei tentando, tentando, até CONSEGUIR.
Depois
cresci e resolvi escrever este episódio em forma de poeminha, brincando com os
sons das letras.
Escrito por Rita Nasser