O processo de descoberta de que algo está errado no desenvolvimento de uma criança é sempre demorado e árduo nas suas tarefas e estudos. A observação dos que a cercam é imprescindível, a aceitação dos pais ainda mais. Este é um ponto delicadíssimo na questão do lidar com as dis-habilidades humanas.
Como enxergar o lugar da mãe desta criança que não está acompanhando seu grupo, que está se destacando não por suas habilidades e sim pelo que não consegue fazer, pelo que está faltando, pelo que está destoando?
Passamos anos e anos estudando as teorias e descobertas científicas sobre o desenvolvimento humano, o funcionamento cerebral, o envolvimento motor, nos encantando com a ciência contemporânea que nos propõe mais clareza em tais questões, nos empolgando com os progressos conquistados por estas crianças nos consultórios e nas classes escolares. Nos esquecemos de como é difícil uma família, uma mãe, enxergar tais problemas, aceitá-los e decidir-se por tratá-los.
Dizemos: “Esta mãe não quer ver, está tão claro que este menino precisa de ajuda profissional”; “Se esta família soubesse como esta menina seria ajudada, assim que assumissem o que está acontecendo...” e dizemos tantas outras verdades, mas que nem sempre são compreensíveis por estas famílias. São verdades muito difíceis de aceitar.
É um alivio para algumas famílias ler o resultado positivo de um exame neurológico ou de análise clinica que seja: “Ah! Eu sabia que ele não tem nada!” - diria esta mãe. Frustrante é saber que na maioria dos casos, problemas de desenvolvimento não aparecem em exames clínicos. Um exemplo clássico: crianças disléxicas não apresentam alterações em hemogramas, eletroencefalogramas, tomografias e ressonâncias magnéticas. Pais ficam felizes momentaneamente, mas em breve descobrem que lhes falta as principais explicações dos por quês da falta de leitura e da confusão de compreensão de textos que seus filhos apresentam e, principalmente, pela persistência destas dificuldades por muitos anos na vida escolar desta criança.
O que fazer então?
A escola deve assumir a questão como ponto de honra e honestidade, buscando tão somente elucidar a situação para os pais e para os próprios educadores, a todo custo. Só com esclarecimento é que se pode encontrar algum caminho de progresso para estas crianças. Parece óbvio, mas não é!
Muitas vezes os educadores se deparam com outros entraves da Instituição, principalmente na privada, que preocupada em atender bem seu “cliente”, deixa de se expor, na desculpa de que não há certeza de tal transtorno ou diagnóstico: “Para que alarmar os pais?”; “Esta criança é muito nova, ainda não dá para avaliar...”
Há que se assumir a competência que lhe pertence, como já foi exposto no texto “A Competência Observatória do Educador”, trazendo todo o conhecimento de causa, avaliações diretas e indiretas, para abrir os olhos dos pais, orientá-los sobre os passos a seguir, a quem procurar (Psicólogo? Fono? Neuro?) e com isso de fato auxiliar esta criança e esta família.
Quando digo: “a todo custo”, levo em conta o trabalho que isto dispende, principalmente quando a criança é muito nova e já demonstra alguma dificuldade ou atraso no desenvolvimento, pois é natural que os pais não aceitem, duvidem da capacidade da escola em avaliar, compare com outros amigos, informem-se por meios pouco confiáveis como sites e grupos de discussões na Internet, julgando erroneamente o aviso da escola de que algo não anda bem. Neste caso, fatalmente a criança será transferida para outra escola, no momento em que a mesma levantar esta questão ou mais tarde, se não a levantar e a criança não atingir os objetivos. Caso aconteça na segunda opção, há uma culpa por não ter cumprido o relevante papel de esclarecer a questão e o educador não poderá fazer nada para o progresso deste educando.
Para finalizar, preciso sinalizar que é imprescindível que se procure os pais e tão logo se perceba o problema, a todo custo abra-se a situação, mesmo não tendo possibilidade de diagnóstico ainda, pois só sob este cenário é que a criança será respeitada e ajudada.
Renata Siqueira
Como enxergar o lugar da mãe desta criança que não está acompanhando seu grupo, que está se destacando não por suas habilidades e sim pelo que não consegue fazer, pelo que está faltando, pelo que está destoando?
Passamos anos e anos estudando as teorias e descobertas científicas sobre o desenvolvimento humano, o funcionamento cerebral, o envolvimento motor, nos encantando com a ciência contemporânea que nos propõe mais clareza em tais questões, nos empolgando com os progressos conquistados por estas crianças nos consultórios e nas classes escolares. Nos esquecemos de como é difícil uma família, uma mãe, enxergar tais problemas, aceitá-los e decidir-se por tratá-los.
Dizemos: “Esta mãe não quer ver, está tão claro que este menino precisa de ajuda profissional”; “Se esta família soubesse como esta menina seria ajudada, assim que assumissem o que está acontecendo...” e dizemos tantas outras verdades, mas que nem sempre são compreensíveis por estas famílias. São verdades muito difíceis de aceitar.
É um alivio para algumas famílias ler o resultado positivo de um exame neurológico ou de análise clinica que seja: “Ah! Eu sabia que ele não tem nada!” - diria esta mãe. Frustrante é saber que na maioria dos casos, problemas de desenvolvimento não aparecem em exames clínicos. Um exemplo clássico: crianças disléxicas não apresentam alterações em hemogramas, eletroencefalogramas, tomografias e ressonâncias magnéticas. Pais ficam felizes momentaneamente, mas em breve descobrem que lhes falta as principais explicações dos por quês da falta de leitura e da confusão de compreensão de textos que seus filhos apresentam e, principalmente, pela persistência destas dificuldades por muitos anos na vida escolar desta criança.
O que fazer então?
A escola deve assumir a questão como ponto de honra e honestidade, buscando tão somente elucidar a situação para os pais e para os próprios educadores, a todo custo. Só com esclarecimento é que se pode encontrar algum caminho de progresso para estas crianças. Parece óbvio, mas não é!
Muitas vezes os educadores se deparam com outros entraves da Instituição, principalmente na privada, que preocupada em atender bem seu “cliente”, deixa de se expor, na desculpa de que não há certeza de tal transtorno ou diagnóstico: “Para que alarmar os pais?”; “Esta criança é muito nova, ainda não dá para avaliar...”
Há que se assumir a competência que lhe pertence, como já foi exposto no texto “A Competência Observatória do Educador”, trazendo todo o conhecimento de causa, avaliações diretas e indiretas, para abrir os olhos dos pais, orientá-los sobre os passos a seguir, a quem procurar (Psicólogo? Fono? Neuro?) e com isso de fato auxiliar esta criança e esta família.
Quando digo: “a todo custo”, levo em conta o trabalho que isto dispende, principalmente quando a criança é muito nova e já demonstra alguma dificuldade ou atraso no desenvolvimento, pois é natural que os pais não aceitem, duvidem da capacidade da escola em avaliar, compare com outros amigos, informem-se por meios pouco confiáveis como sites e grupos de discussões na Internet, julgando erroneamente o aviso da escola de que algo não anda bem. Neste caso, fatalmente a criança será transferida para outra escola, no momento em que a mesma levantar esta questão ou mais tarde, se não a levantar e a criança não atingir os objetivos. Caso aconteça na segunda opção, há uma culpa por não ter cumprido o relevante papel de esclarecer a questão e o educador não poderá fazer nada para o progresso deste educando.
Para finalizar, preciso sinalizar que é imprescindível que se procure os pais e tão logo se perceba o problema, a todo custo abra-se a situação, mesmo não tendo possibilidade de diagnóstico ainda, pois só sob este cenário é que a criança será respeitada e ajudada.
Renata Siqueira
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