"MARIANA nos convida para uma interessante jornada, emprestando-nos “seu olhar” para mostrar,
através da narrativa de seus pensamentos, sentimentos e emoções, tudo que existe além das “DIS-HABILIDADES”.
------------------------------------------------------------------

Pesquisar neste blog

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

É tempo de ler e se divertir: Leituras de Natal 4/4

Outro texto dramático que trata da questão amorosa, mas com clima de Natal é “Memórias de uma bola de Natal” de Júlio Emílio Braz (Paulinas). Uma bola de natal conta de sua vida que conheceu várias gerações de crianças de uma família. Por isso, ela tem muitas histórias de natal para contar: das mais tristes até as mais alegres. O clima natalino se completa por conta das ilustrações românticas e clássicas de Odilon Moraes.

O Natal também é tema de “Como Grinch roubou o Natal?” do escritor americano Dr. Seuss (Cia das letrinhas). Contando com a fantástica tradução de Mônica Rodrigues da Costa, Lavínia Fávero e Gisela Moreau, porque traduzir Seuss é um desafio dos maiores por causa de suas rimas tão bem boladas. Conhecemos a história do mau-humorado Grinch, um sujeito mal-intencionado, da turma do Mal que faz de tudo para estragar o Natal alheio. E o estrago dele não é pouco... Só que ele esquece que o Natal não é feito somente de presentes. Diz ele: “E ele cismou por três horas, até seu cismador ficar doído. Então o Grinch pensou uma coisa que nunca tinha lhe ocorrido. Talvez o Natal, ele pensou, não se compre em supermercado. Talvez o Natal, quem sabe, seja algo com mais significado!”. O texto todo rimado aparece em meio às divertidas e movimentadas caricaturas desse genial autor-ilustrador do começo do século.
Se ele é um texto clássico de natal para os americanos como Jim Carrey, que protagoniza no filme de férias da mesma história, provavelmente ele acabará se tornando também para nós. E para encerrar esse assunto de leitura de Natal e férias, há duas leituras imperdíveis.

Uma é “Papai Noel, um velhinho de muitos nomes”, uma coletânea de textos sobre vivências natalinas e a crença no Papai Noel organizada por Heloisa Prieto, na forma de depoimentos e episódios que contam sobre noites felizes e outras nem tanto, mas todas com muita qualidade e sensibilidade.

E a outra, é a hilariante “Domingão Jóia” de Flávio de Souza (Cia das Letrinhas) na qual Zeca e sua família se enfurnam em uma Kombi para passar o fim de semana em Itanhaém. Fazendo uso de textos, falas curtas e intercaladas, em uma trama que trabalha a concisão, a enumeração e o humor burlesco, o leitor tem acesso a todos os acontecimentos ao mesmo tempo, que vai dos empecilhos aos imprevistos, que incluem uma viagem com um grupo grande de pessoas engraçadas. Qualquer um que tenha viajado em grupo para a praia vai se reconhecer nessa história tão brasileira, que é ótima para ser lida nas férias, é claro.

Ana Lúcia Brandão

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ir para a página: Livros

terça-feira, 28 de setembro de 2010

É tempo de ler e se divertir: Sonoridade nos Livros 3/4

Dentre os livros para crianças que gostam de brincar com o som das palavras rimadas, na forma de parlenda há “Que nem elas que nem” de Cecy Fernandes de Assis (Formato) com ilustrações mágicas de Ana Raquel. O leitor é convidado a entrar em uma casa muito da maluca, a casa número 9: “na Rua do Carrapicho, no largo do Bricabraque, moravam nove meninas, sendo belas todas elas. Com um naco de fricotes, um pouco de canfinfim, nadinha de piripaques e alguns surucubicos.” Ali encontramos as nove meninas, cada uma com um jeito de ser. E como em toda parlenda, com cada uma acontece alguma fatalidade, até que só sobra Dorotéia que enrolando todo mundo, “assustou a vaca Vitória e com muita glória virou contadeira de histórias”.

Se aqui a brincadeira com a sonoridade é quem fala mais alto, em “Girafa não
serve para nada”, de José Carlos Aragão (Paulinas), o protagonista é circunspecto e se pergunta sobre as diversas utilidades das palavras, quando percebe a diferença entre a forma dos adultos nomearem as palavras e a maneira das crianças. Diz o texto: “Girafa, por exemplo. Nunca soube pra que servia um bicho com um pescoço tão comprido. Cachorro, burro, boi, galinha sempre serviam pra alguma coisa. Mas girafa?... Cheguei a pensar que ela era usada pra tocar estrela queimada e lâmpada de poste. Mas isto foi antes de eu conhecer sonho e escada.”

Essa idéia de explorar criativamente os diversos significados das palavras, de acordo com a experiência de cada um, só nos leva a reconhecer a veia poética de José Paulo Paes se renovando na literatura para crianças, em um texto que conta ainda com as divertidas ilustrações em técnica mista de Graça Lima.

Ana Lúcia Brandão

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ir para a página: Livros

domingo, 26 de setembro de 2010

É tempo de ler e se divertir: Histórias de Amor 2/4

Ainda na linha da prosa poética encontramos “a janela da história” na qual vive Lia de Itamaracá, “senhora velha e gozada, saia de vento rodada, sombrinha de tanta fita!”. Aqui, em “Ciranda de anel e céu” (Global), Sylvia Orthof, com a colaboração dos traços doces cheios de fitas de Cláudia Scatamacchia, conta a história escondida que existe por trás da cantiga de roda: “Essa ciranda quem me deu foi Lia, que mora na areia de Itamaracá!”. Essa divertida história de amor e ódio entre o Sol e o anel do cirandeiro ó, é tão amalucada que só acaba brincando de “faz-de-conta”, porque o Sol resolve seu ciúmes do anel do cirandeiro “que brilha mais do que o Sol”, virando um jovem cirandeiro e namorando Lia, que agora é uma bela sereia.

Outra história cujo tema é o ciúmes chama-se “Beijos mágicos” de Ana Maria Machado (FTD), um texto sensível e belo. Nele, Nanda, uma menina de pais separados, vê seu pai apaixonado por outra mulher. Ela tem certeza de que a mulher é uma bruxa que o enfeitiçou e por isso não aceita ser beijada por ela como ele. Mas um dia Nanda se machuca, a mãe está longe e ela aceita o carinho da “bruxa”. Em outro dia, aquela mulher de barriga enorme, aparece com um bebê. Nanda fica tão contente com a novidade que desata a dar “beijos mágicos” em todos, transformando a grande bruxa em “gente de verdade”.

Se o pensamento mágico de Nanda é capaz de coisas de outro mundo, que dizer do medo de amar, tema de “A princesa Raga-Si” de José Arrabal, que faz uso do tom das trovas medievais de amor cortês na sua confecção. Ela é uma princesa indiana que não aceita aventurar-se com o marinheiro Inayat-Sol pelos mares da vida. Fechada em seu branco “encardido” Raga-Si acaba conhecendo a vida e seus segredos pelas mãos de um cego. Diz ele para ela: “- Vem sem temor, Raga-Si! Traz o seu branco consigo. Vem por lá e mais aqui e vem sem medo de si!”. Sentindo o pulsar da vida, R
aga-Si então aceita conhecer os encantos do belo marinheiro. Esse belo conto aparece em meio ao universo da cultura indiana criado por Cláudia Scatamacchia.

Outra história de amor, baseada em uma lenda mexicana é “A princesa e o guerreiro: uma história de amor” de Anna Göbel, com tradução de Sônia Junqueira (Formato). Aqui, a menina Laura, expulsa da classe, encontra na biblioteca um retábulo antigo que conta uma lenda, a do guerreiro que se apaixonou por uma princesa. Laura decifra as letras e lê a história dos dois. Eles se amam, mas a guerra se interpõe a esse amor. Uma guerra injusta, que quando termina, traz a notícia da morte do bravo guerreiro. A princesa reage caindo em um sono profundo. O povo traz flores para reavivá-la. Seu corpo fica leve e desaparece em uma neblina. Depois uma chuva de três dias assola o lugar. Após a chuva, dissipa-se o nevoeiro e surgem dois grandes vulcões. “Naquele momento, os moradores da floresta souberam que os dois vulcões eram a princesa e o guerreiro, que haviam encontrado a maneira de estar eternamente unidos, entrelaçando-se e irradiando aos quatro ventos o amor que nascia de suas entranhas”. As ilustrações em tecido pintado com os traços expressionistas de Anna Göbel, ora mostram o retábulo, ora resumem momentos da história, completando o clima de drama e mistério propostos pelo texto.


Ana Lúcia Brandão

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ir para a página: Livros

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

É tempo de ler e se divertir: Livros de Imagem 1/4

O que há de bom no mercado de livros para crianças: Álbuns ilustrados de Natal.

Está aí a origem dos livros para crianças na Europa e mais tarde na América. Presentear livros junto aos brinquedos é garantir um tempo dedicado à leitura durante as férias. E nada como ter uma boa leitura para fazer na praia ou no clube nos dias de Sol.

Para as crianças que só lêem figuras há a inusitada Coleção Quatro Olhos feita de Marta Melo e Fernando Cardoso (Formato). Em “Um dia lá na esquina” conhecemos um estranho cego que vende buracos. Uma menina compra um, os dois o regam e uma surpresa acontece. Enquanto o cego fica na esquina, um cachorro faz xixi no bueiro. O cão é quem protagoniza a segunda história “Um dia, um cachorrinho”, quando o cachorro recém-saído de um livro resolve brincar com outro. Durante a aventura dos dois, eles passam por uma estranha mulher. Essa mulher carrega uma bolsa vermelha, que vai se enchendo de objetos estranhos no seu caminho pelas ruas da cidade.

Pronto, o leitor já caiu no livro "Um dia, uma bolsa...”

Esses livros de imagem, que propõem ainda um diálogo entre livros, ajudam na construção da observação da criança e da narração oral, fazendo uso de imagens seqüenciais e um humor cheio de mistério para atrair sua atenção sobre fatos surpreendentes do cotidiano.

Já em “Quando os Tam-tans fazem tum-tum” de Ivan Zigg (Paulinas) o humor é cir
cense. Tam-tan é um palhaço que faz piruetas causando gargalhadas em bichos dos mais temidos, como o leão e o tubarão. Mas ao se deparar com as máscaras africanas, a situação fica tensa. Mas aí, uf, aparece um nariz de clown para dar conta de todo e qualquer mau-humor do mundo... Um livro de imagem muito gozado, que dá vontade da gente sair por aí dando cambalhotas e fazendo os outros rirem. Vale notar que as imagens caricaturais aparecem trabalhadas com textura e colorido super sofisticados.

Ana Lúcia Brandão
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ir para a página: Livros

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Filme: "O Segredo"

O filme trata da vida de uma criança com muita dificuldade na leitura, que só é percebida na 4a. série.

Através dessa vivência vão sendo denunciadas as várias relações conflitantes, como a relação com a escola, com a família e com o avô paterno do disléxico, onde o segredo será revelado!








Bianca Giannotti Barros
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ir para a página: Outras Formas, Outras Mídias

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

DIS-Habilidades do ponto de vista psiquiátrico

Os transtornos da aprendizagem são diagnosticados quando os resultados do indivíduo em testes padronizados e individualmente administrados de leitura, matemática ou expressão escrita estão substancialmente abaixo do esperado para sua idade, escolarização e nível de inteligência.

Os problemas de aprendizagem interferem significativamente no rendimento escolar ou nas atividades da vida diária que exigem habilidades de leitura, matemática ou escrita.

Estimativas da prevalência dos Transtornos da Aprendizagem variam de 2% a 10%, dependendo da natureza da averiguação e das definições aplicadas. Um Transtorno da Aprendizagem é identificado em aproximadamente 5% dos estudantes de escolas públicas americanas.

Desmoralização, baixa auto-estima e déficits nas habilidades sociais podem estar associados com os transtornos da aprendizagem. A taxa de evasão escolar para crianças ou adolescentes com Transtornos da Aprendizagem é de aproximadamente 40% (cerca de 1,5 vezes a média).

Os Transtornos da Aprendizagem podem persistir até a idade adulta, ocasionando dificuldades significativas no emprego ou no ajustamento social.

O profissional deve assegurar-se de que os procedimentos de testagem da inteligência refletem uma atenção adequada à bagagem étnica ou cultural do indivíduo. A testagem individualizada sempre é necessária para se fazer o diagnóstico.

Os Transtornos da Aprendizagem devem ser diferenciados das variações normais na realização acadêmica e das dificuldades escolares devido à falta de oportunidades, ensino fraco ou fatores culturais. A escolarização inadequada pode resultar em fraco desempenho em testes estandardizados de rendimento escolar.

Crianças de bagagens étnicas ou culturais diferentes daquelas dominantes na cultura da escola ou cuja língua materna não é a língua do país, bem como crianças que freqüentaram escolas com ensino inadequado, podem ter fraca pontuação nesses testes. As crianças com essas mesmas bagagens também podem estar em maior risco para faltas injustificadas à escola, em virtude de doenças mais freqüentes ou ambientes domésticos empobrecidos ou caóticos.

Um prejuízo visual ou auditivo pode afetar a capacidade de aprendizagem e deve ser investigado, por meio de testes de triagem audiométrica ou visual. Um Transtorno da Aprendizagem pode ser diagnosticado na presença desses déficits sensoriais apenas quando as dificuldades de aprendizagem excedem aquelas habitualmente associadas aos mesmos.

Manuela Salman

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ir para a página: Psiquiatria

sábado, 18 de setembro de 2010

Filme: "Entre os muros da escola"

Sinopse: este filme é uma adaptação do livro do professor François Marin. Vencendor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, 2008.
François e os demais professores se preparam para enfrentar mais um novo ano letivo, de uma escola de bairro, cheio de conflitos. Os mestres têm boas intenções e desejam oferecer uma boa educação aos seus alunos, mas por causa das diferenças culturais – dessa França contemporânea – esses jovens podem acabar com todo o entusiasmo de seus mestres.

François quer surpreender os jovens ensinando o sentido da ética, mas eles não parecem dispostos a aceitar os métodos propostos.
Muitas situações são apresentadas com sensibilidade, mostrando os vários ângulos dos conflitos apresentados: a comunidade, a escola, os professores, os alunos... e os pais.



Bianca Giannotti Barros
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ir para a página: Outras Formas, Outras Mídias

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Informação e primeiras orientações à família

O processo de descoberta de que algo está errado no desenvolvimento de uma criança é sempre demorado e árduo nas suas tarefas e estudos. A observação dos que a cercam é imprescindível, a aceitação dos pais ainda mais. Este é um ponto delicadíssimo na questão do lidar com as dis-habilidades humanas.

Como enxergar o lugar da mãe desta criança que não está acompanhando seu grupo, que está se destacando não por suas habilidades e sim pelo que não consegue fazer, pelo que está faltando, pelo que está destoando?

Passamos anos e anos estudando as teorias e descobertas científicas sobre o desenvolvimento humano, o funcionamento cerebral, o envolvimento motor, nos encantando com a ciência contemporânea que nos propõe mais clareza em tais questões, nos empolgando com os progressos conquistados por estas crianças nos consultórios e nas classes escolares. Nos esquecemos de como é difícil uma família, uma mãe, enxergar tais problemas, aceitá-los e decidir-se por tratá-los.

Dizemos: “Esta mãe não quer ver, está tão claro que este menino precisa de ajuda profissional”; “Se esta família soubesse como esta menina seria ajudada, assim que assumissem o que está acontecendo...” e dizemos tantas outras verdades, mas que nem sempre são compreensíveis por estas famílias. São verdades muito difíceis de aceitar.

É um alivio para algumas famílias ler o resultado positivo de um exame neurológico ou de análise clinica que seja: “Ah! Eu sabia que ele não tem nada!” - diria esta mãe. Frustrante é saber que na maioria dos casos, problemas de desenvolvimento não aparecem em exames clínicos. Um exemplo clássico: crianças disléxicas não apresentam alterações em hemogramas, eletroencefalogramas, tomografias e ressonâncias magnéticas. Pais ficam felizes momentaneamente, mas em breve descobrem que lhes falta as principais explicações dos por quês da falta de leitura e da confusão de compreensão de textos que seus filhos apresentam e, principalmente, pela persistência destas dificuldades por muitos anos na vida escolar desta criança.

O que fazer então?

A escola deve assumir a questão como ponto de honra e honestidade, buscando tão somente elucidar a situação para os pais e para os próprios educadores, a todo custo. Só com esclarecimento é que se pode encontrar algum caminho de progresso para estas crianças. Parece óbvio, mas não é!

Muitas vezes os educadores se deparam com outros entraves da Instituição, principalmente na privada, que preocupada em atender bem seu “cliente”, deixa de se expor, na desculpa de que não há certeza de tal transtorno ou diagnóstico: “Para que alarmar os pais?”; “Esta criança é muito nova, ainda não dá para avaliar...”

Há que se assumir a competência que lhe pertence, como já foi exposto no texto “A Competência Observatória do Educador”, trazendo todo o conhecimento de causa, avaliações diretas e indiretas, para abrir os olhos dos pais, orientá-los sobre os passos a seguir, a quem procurar (Psicólogo? Fono? Neuro?) e com isso de fato auxiliar esta criança e esta família.

Quando digo: “a todo custo”, levo em conta o trabalho que isto dispende, principalmente quando a criança é muito nova e já demonstra alguma dificuldade ou atraso no desenvolvimento, pois é natural que os pais não aceitem, duvidem da capacidade da escola em avaliar, compare com outros amigos, informem-se por meios pouco confiáveis como sites e grupos de discussões na Internet, julgando erroneamente o aviso da escola de que algo não anda bem. Neste caso, fatalmente a criança será transferida para outra escola, no momento em que a mesma levantar esta questão ou mais tarde, se não a levantar e a criança não atingir os objetivos. Caso aconteça na segunda opção, há uma culpa por não ter cumprido o relevante papel de esclarecer a questão e o educador não poderá fazer nada para o progresso deste educando.

Para finalizar, preciso sinalizar que é imprescindível que se procure os pais e tão logo se perceba o problema, a todo custo abra-se a situação, mesmo não tendo possibilidade de diagnóstico ainda, pois só sob este cenário é que a criança será respeitada e ajudada.

Renata Siqueira

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ir para a página: Educação

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O encontro de Mariana com a literatura

Mariana seguiu seus primeiros oito anos de escola, com problemas de leitura e escrita,
escrevendo errado, escrevendo com letra feia...
Por mais que se esforçasse,
por mais que se propusesse a manter os cadernos em ordem,
eles nunca ficavam como ela gostaria!

Além dos erros, das seguidas correções, da letra e da desordem nas lições,
ainda havia aquelas “orelhas” que o tempo todo se multiplicavam...
Não adiantava arrancar as páginas, para refazer as tarefas.
O caderno ficava sempre todo retorcido.
O único desejo era mesmo poder comprar um caderno novo... mas, não adiantava!
Logo todo aquele pesadelo voltava outra vez a acontecer!

Mesmo assim, com todas essas dificuldades,
ela conseguiu não repetir nenhum ano,
ela conseguiu notas para passar, valendo-se de suas outras habilidades.

Como toda menina de seu tempo, deveria fazer o Curso Normal.
Deveria ser professora, para ter uma profissão, para ganhar o seu dinheiro.
Ela sabia que isso não seria possível, mas deixou o tempo passar sem se importar...
Até que o tempo dos exames chegou...
Ela, então, prestou a primeira e depois a segunda época...
Obteve a melhor nota em matemática, nas duas vezes que prestou,
mas não conseguiu passar em nenhuma das provas de “português”.
O que seria então da sua vida?

Foi um choque!
Foi um grande choque, saber o que fazer dali para frente!

Enfrentando o medo que sua secreta escolha lhe provocava,
ela falou aos pais daquele seu antigo desejo.
Ela falou de sua vontade de fazer medicina.
Ela falou de sua vontade de poder cuidar de gente, como sonhara quando pequena.
Ela falou em cursar o “científico”... onde poderia estudar as matérias que tinha mais facilidade,
onde a escrita e a letra feia não teriam tanta importância.

No entanto, talvez por destino ou sem querer... quem sabe?
Ela se lembrou de certo aviso, que fora passado... e só agora se dava conta:
“não haveria mais o curso científico, naquele colégio só de meninas”

Então, vencendo o medo, pensando em seu sonho de infância...
ela implorou aos pais que queria mudar de escola para cursar o científico.
Eles consideraram que possivelmente ela perderia a bolsa de estudos...
que não poderiam buscá-la na nova escola...

Seu desejo não poderia ser realizado!

Foi assim que...
para não perder a chance,
para não parar de estudar,
para tomar seu futuro pela mão...
que fez sua matricula no colegial “clássico”... na mesma escola de sempre.

Fez uma revolução em sua vida!

Passou a se aplicar em todas as aulas, em cada ensinamento!!!
Fez grandes descobertas nesse novo mundo de conhecimentos!!!
Descobriu: a Filosofia, a História, o Latim...
em meio às inúmeras aulas de gramática e redação portuguesa, francesa, inglesa e latina...

Assim,
se ao iniciar o primeiro grau, ela havia descoberto que nem todas as histórias que ouvira eram História...
que há uma diferença entre histórias e História...
Agora,
ao iniciar o segundo grau, ela descobre que existem leituras e Leitura...
que algumas leituras são LITERATURA...
elas são muitas...
a literatura brasileira, a portuguesa, a francesa, a inglesa ... e até aquela apelidada de “lit lat”, a latina.

Quanto encantamento!
Que mundo mágico se descortinou para ela em infinitas possibilidades!

Encantada lê todos os livros da lista para o vestibular e outros mais...
Torna-se uma aluna primorosa... alça vôo nas asas da imaginação e da criatividade...
Fortalecida,
decide fazer faculdade: Pedagogia...
com o desejo de ajudar as crianças,
que como ela, possuem dificuldades para aprender.

A Literatura, a Filosofia e a Historia tecem um novo horizonte para sua vida.

Suely Laitano Nassif
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ir para a página: Era uma vez... As Histórias de Mariana

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Apoio da equipe pedagógica

Todo processo leva certo tempo, toda demanda certo investimento, exige muito de quem se envolve e até de quem não está muito disposto, mas em certo momento se vê obrigado a enfrentar tudo isso. Como haveria de ser diferente no processo educativo?

A equipe pedagógica de uma instituição escolar, quando bem envolvida, eu diria comprometida com o processo de desenvolvimento dos alunos, faz a diferença no acompanhamento e tratamento das mais variadas situações de dis-habilidades.

O educador nem sempre está preparado para enxergar as coisas diferentes que ocorrem na vida intelectual e prática dos seus alunos, muito frequentemente se vê educadores intrigados com uma percepção de que “algo está fora do lugar”, que há um buraco na vida daquela criança, daquele adolescente, mas este algo fica pairando na sua observação diária, meio sem resposta por muito tempo.

Há que se lembrar, levar em consideração, que um ano letivo é muito curto, muito menor que o ano do calendário, que as horas de aula são infinitamente menores que as horas da vida real, que enquanto estamos elucubrando sobre determinados comportamentos e resultados de estudos de nossos alunos, o relógio não pára, parece até que se acelera! Perde-se muito tempo tentando achar respostas, e quanto mais se está sozinho na sala de aula, na tarefa de formar, intrigar, avaliar, educar, mais demorada e ineficaz é a tarefa de auxiliar a criança que necessita de uma ajuda extra, a criança que pode ter a sua parte “dis-habilidosa” em evidência.

Não é novidade que o trabalho em equipe é mais completo, mais cativante, mais competente, e assim sendo, a equipe técnica, seja ela composta por psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, e tantos outros especialistas, têm a tarefa de não só trabalhar nas especialidades, mas também com a integração entre seus saberes, oferecendo ao educador uma bagagem valiosa para o caminhar com tais crianças.

Não é tarefa fácil unir e combinar adequadamente os olhares e condições de trabalho de tantos profissionais. É necessário caminhar entre várias linhas de entendimento, abrir mão de fatores que compõem nossa bagagem profissional, ter uma visão mais ampla, talvez holística da situação, da pessoa e seu meio. Traçar metas, planejar situações, ter flexibilidade para reajeitar tudo quando necessário...

Não quero desiludir os mais novos, tampouco desvalorizar nosso trabalho quando mais experientes, e sim declarar os entraves que muitas vezes dificultam a superação de tantas crianças que precisam de ajuda, que não se enxergam habilidosas, que não são aceitas e compreendidas pela sociedade.

Mariana, com suas histórias, tem nos mostrado as habilidades de uma menina que tinha o sonho de ser escritora. Eu quero despertar em nossos leitores a discussão do que ajuda e do que não ajuda a despertar tais habilidades em uma vida em formação. Vamos falar mais sobre isso?

Renata Siqueira

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ir para a página: Educação