"Foi na fazenda de meu pai antigamente
Eu teria dois anos; meu irmão, nove.
Meu irmão pregava no caixote
duas rodas de lata de goiabada.
A gente ia viajar.
As rodas ficavam cambaias debaixo do caixote:
Uma olhava para a outra.
Na hora de caminhar
as rodas se abriam para o lado de fora.
De forma que o carro se arrastava no chão.
Eu ia pousada dentro do caixote
com as perninhas encolhidas.
Imitava estar viajando.
Meu irmão puxava o caixote
por uma corda de embira.
Mas o carro era diz-que puxado por dois bois.
Eu comandava os bois:
- Puxa, Maravilha!
- Avança, Redomão!
Meu irmão falava
que eu tomasse cuidado
porque Redomão era coiceiro.
As cigarras derretiam a tarde com seus cantos.
Meu irmão desejava alcançar logo a cidade -
Porque ele tinha uma namorada lá.
A namorada do meu irmão dava febre no corpo dele.
Isso ele contava.
No caminho, antes, a gente precisava
de atravessar um rio inventado.
Na travessia o carro afundou
e os bois morreram afogados.
Eu não morri porque o rio era inventado.
Sempre a gente só chegava no fim do quintal
E meu irmão nunca via a namorada dele -
Que diz-que dava febre em seu corpo."
(Manoel de Barros)
Suely Laitano Nassif e Bianca Giannotti Barros
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Postagens relacionadas:
Brincando de trenzinho no quintal
"MARIANA nos convida para uma interessante jornada, emprestando-nos “seu olhar” para mostrar,
através da narrativa de seus pensamentos, sentimentos e emoções, tudo que existe além das “DIS-HABILIDADES”.
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através da narrativa de seus pensamentos, sentimentos e emoções, tudo que existe além das “DIS-HABILIDADES”.
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quarta-feira, 27 de outubro de 2010
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Pocoyo - Não Toque
Para Spitz, a aquisição da capacidade de dizer "não" é um grande evento da primeira época da vida: a conquista da primeira palavra que serve para dialogar e não só para designar um objeto.
No segundo ano de vida, o "não" teimoso da criança não significa que ela discorde do que está lhe sendo proposto ou imposto: a criança diz "não" para afirmar que, mesmo ao concordar ou obedecer, ela está exercendo sua própria vontade, a qual não se confunde com a do adulto.
O uso do sim e do não, no discurso de cada um de nós, pode ser um indicador psicológico valioso.
É preciso distinguir entre "sim" e "não"
- "objetivos", que têm a ver com a questão da qual se trata (quero ou não tomar café),
-"subjetivos", que expressam uma disposição de quem fala, em relação ao outro, sem levar em conta o que está sendo negado ou afirmado.
Se o "não" subjetivo é um grito de independência, o "sim" subjetivo é uma covardia, consiste em concordar para evitar os inconvenientes de uma negativa que aborreceria nosso interlocutor.
Fonte: http://contardocalligaris.blogspot.com/2009/09/dificuldade-de-dizer-nao-ou-sim.html
Suely Laitano Nassif
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No segundo ano de vida, o "não" teimoso da criança não significa que ela discorde do que está lhe sendo proposto ou imposto: a criança diz "não" para afirmar que, mesmo ao concordar ou obedecer, ela está exercendo sua própria vontade, a qual não se confunde com a do adulto.
O uso do sim e do não, no discurso de cada um de nós, pode ser um indicador psicológico valioso.
É preciso distinguir entre "sim" e "não"
- "objetivos", que têm a ver com a questão da qual se trata (quero ou não tomar café),
-"subjetivos", que expressam uma disposição de quem fala, em relação ao outro, sem levar em conta o que está sendo negado ou afirmado.
Se o "não" subjetivo é um grito de independência, o "sim" subjetivo é uma covardia, consiste em concordar para evitar os inconvenientes de uma negativa que aborreceria nosso interlocutor.
Fonte: http://contardocalligaris.blogspot.com/2009/09/dificuldade-de-dizer-nao-ou-sim.html
Suely Laitano Nassif
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terça-feira, 19 de outubro de 2010
Como se dá a aprendizagem de leitura e escrita segundo as novas teorias de letramento?
As novas teorias de letramento, que tiveram início nas idéias de Freire (1970) e que hoje contam com diversos autores, propõem que é na construção de sentidos que se dá a aprendizagem da leitura e da escrita. Essa construção de sentidos requer um envolvimento direto do leitor com o texto, ou seja, um precisa passar a fazer parte do outro, para que o sentido transite e possa ser construído. É por isso que leitores diferentes vêem os mesmos textos de forma diferente, já que ler e interpretar envolve utilizar as próprias ferramentas, histórias de vida, sensações e visões de mundo, que são únicas de cada indivíduo.
Com base nessa premissa, os autores dos novos letramentos apontam para a necessidade de os professores adotarem uma visão de letramento que seja mais flexível e abrangente, já que, segundo as teorias do letramento crítico, tornar alguém letrado vai além de torná-lo capaz de decodificar o alfabeto, formar palavras, utilizar a gramática corretamente e responder perguntas de compreensão. Compreender o processo de letramento como uma prática sociocultural implica em compreender o processo de leitura e escrita e sua aquisição como um processo contextual, que depende das práticas sociais, culturais, políticas, econômicas e históricas que o permeiam.
Lankshear & Snyder (2000) também propõem uma perspectiva sociocultural de letramento, apontando para as três dimensões ou aspectos que compõem a prática de ensino e aprendizagem – o aspecto operacional, o aspecto cultural e o aspecto crítico.
O aspecto operacional inclui competência com as ferramentas, técnicas e procedimentos necessários para lidar com o sistema de língua escrita, além de levar em conta a gama de contextos em que um determinado texto pode ser lido.
A dimensão cultural do letramento se refere à competência relacionada ao sistema de construção de sentido, ou seja, à capacidade de compreender o texto em relação aos contextos de leitura.
Já o aspecto cultural do letramento envolve a conscientização de que todas as práticas sociais, e, conseqüentemente, todas as formas de letramento, são socialmente construídas, ao mesmo tempo em que são seletivas, ou seja, incluem algumas representações e classificações, como valores, regras, padrões e perspectivas, ao mesmo tempo em que excluem outras.
O fato de que o ensino de leitura e escrita é geralmente feito sem que se explicite que se trata de uma prática socialmente construída faz com que os alunos não tenham um papel ativo nesse processo, tornando mais difícil uma possível tentativa de mudança (Lankshear &, Snyder 2000). Essa proposta de letramento, focada em três aspectos – operacional, cultural e crítico - tem o objetivo de complementar e suplementar as competências técnicas através de sua contextualização. Ao invés de se manter o foco no conhecimento sobre “como fazer”, essa proposta sugere que se adéqüe a prática ao contexto cultural e histórico. Dessa forma, o que se aprende na escola pode servir para as relações que se estabelecem também fora dela, ou seja, as práticas escolares podem ter maior relação com as práticas sociais autênticas com as quais os alunos irão se deparar durante suas trajetórias de vida.
Renata Quirino de Sousa
Com base nessa premissa, os autores dos novos letramentos apontam para a necessidade de os professores adotarem uma visão de letramento que seja mais flexível e abrangente, já que, segundo as teorias do letramento crítico, tornar alguém letrado vai além de torná-lo capaz de decodificar o alfabeto, formar palavras, utilizar a gramática corretamente e responder perguntas de compreensão. Compreender o processo de letramento como uma prática sociocultural implica em compreender o processo de leitura e escrita e sua aquisição como um processo contextual, que depende das práticas sociais, culturais, políticas, econômicas e históricas que o permeiam.
Lankshear & Snyder (2000) também propõem uma perspectiva sociocultural de letramento, apontando para as três dimensões ou aspectos que compõem a prática de ensino e aprendizagem – o aspecto operacional, o aspecto cultural e o aspecto crítico.
O aspecto operacional inclui competência com as ferramentas, técnicas e procedimentos necessários para lidar com o sistema de língua escrita, além de levar em conta a gama de contextos em que um determinado texto pode ser lido.
A dimensão cultural do letramento se refere à competência relacionada ao sistema de construção de sentido, ou seja, à capacidade de compreender o texto em relação aos contextos de leitura.
Já o aspecto cultural do letramento envolve a conscientização de que todas as práticas sociais, e, conseqüentemente, todas as formas de letramento, são socialmente construídas, ao mesmo tempo em que são seletivas, ou seja, incluem algumas representações e classificações, como valores, regras, padrões e perspectivas, ao mesmo tempo em que excluem outras.
O fato de que o ensino de leitura e escrita é geralmente feito sem que se explicite que se trata de uma prática socialmente construída faz com que os alunos não tenham um papel ativo nesse processo, tornando mais difícil uma possível tentativa de mudança (Lankshear &, Snyder 2000). Essa proposta de letramento, focada em três aspectos – operacional, cultural e crítico - tem o objetivo de complementar e suplementar as competências técnicas através de sua contextualização. Ao invés de se manter o foco no conhecimento sobre “como fazer”, essa proposta sugere que se adéqüe a prática ao contexto cultural e histórico. Dessa forma, o que se aprende na escola pode servir para as relações que se estabelecem também fora dela, ou seja, as práticas escolares podem ter maior relação com as práticas sociais autênticas com as quais os alunos irão se deparar durante suas trajetórias de vida.
Renata Quirino de Sousa
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quarta-feira, 6 de outubro de 2010
O livro e o leitor estão em extinção?
Resenha sobre o livro: "A Aventura do Livro: do Leitor ao Navegador" - Roger Chartier - Unesp/Imprensa Oficial do Estado - 59 páginas
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Na obra "A Aventura do Livro: do Leitor ao Navegador", temos uma entrevista com o estudioso da história da leitura Roger Chartier. O autor é conhecido no Brasil por obras teóricas sobre a oralidade e a leitura e esta é sua primeira obra voltada para o público em geral.
A entrevista consegue abordar até mesmo os tempos de hoje, em que a internet passou a ser fonte de consulta e de interesses em todas as áreas do conhecimento, mas em que o livro continua a ser apreciado e comercializado.
A publicação também mergulha visualmente o leitor em obras que registram a história do hábito da leitura e da comercialização do livro na Europa, desde um afresco de Pompéia do século 1 até quadros de Rembrandt e Renoir.
O projeto gráfico, que acompanha a qualidade do livro, foi concebido pela profissional Vera Lúcia Wey.
"A Aventura do Livro: do Leitor ao Navegador" pode trazer bons subsídios para uma discussão em sala de aula com alunos do ensino médio.
Fonte:
A Aventura do Livro: do Leitor ao Navegador
UOL Educação - Resenhas - 07/08/2007
http://educacao.uol.com.br/resenhas/ult4283u47.jhtm
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Na obra "A Aventura do Livro: do Leitor ao Navegador", temos uma entrevista com o estudioso da história da leitura Roger Chartier. O autor é conhecido no Brasil por obras teóricas sobre a oralidade e a leitura e esta é sua primeira obra voltada para o público em geral.
A entrevista consegue abordar até mesmo os tempos de hoje, em que a internet passou a ser fonte de consulta e de interesses em todas as áreas do conhecimento, mas em que o livro continua a ser apreciado e comercializado.
A publicação também mergulha visualmente o leitor em obras que registram a história do hábito da leitura e da comercialização do livro na Europa, desde um afresco de Pompéia do século 1 até quadros de Rembrandt e Renoir.
O projeto gráfico, que acompanha a qualidade do livro, foi concebido pela profissional Vera Lúcia Wey.
"A Aventura do Livro: do Leitor ao Navegador" pode trazer bons subsídios para uma discussão em sala de aula com alunos do ensino médio.
Fonte:
A Aventura do Livro: do Leitor ao Navegador
UOL Educação - Resenhas - 07/08/2007
http://educacao.uol.com.br/resenhas/ult4283u47.jhtm
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