Lembro-me, como se fosse hoje, daquela garotinha que entrou no meu consultório em um início de tarde. A mãe trouxera Mariana, por indicação da escola, por apresentar problemas de leitura e escrita.
Tinha, nos olhos quase verdes, aquele ar de quem tudo desejava conhecer; pele clara, contrastando com duas tranças caídas para trás. Parecia perceber tudo à sua volta, com aquela curiosidade de quem sempre está em busca de novas brincadeiras e, ao mesmo tempo, mostrava-se acanhada e tranqüila.
Devia ter seus onze anos quando veio pela primeira vez. Era a mais velha de quatro irmãos. Tinha iniciado as primeiras letras em uma escolinha de bairro. Havia completado o primeiro ano e passado para o segundo, quando os pais resolveram mudá-la de escola, pois o irmão menor também precisava iniciar o pré-primário. A escola escolhida ficava distante, em outro bairro. Era uma escola de freiras. Apesar da distância, tudo tinha ficado arranjado. O pai a levava pela manhã e a mãe a buscava na hora do almoço. No entanto, passado o primeiro mês de aula, ela não conseguia acompanhar as aulas do segundo ano. Ela não estava alfabetizada.
A coordenadora falou com os pais e Mariana mudou de classe, mudou de professora, mudou de colegas, voltou para o primeiro ano, para iniciar a alfabetização. Esse inesperado causou um grande impacto, difícil de ser assimilado, que marcou sua vida escolar para sempre.
A classe do primeiro ano era de crianças menores, deste modo, ela passou a ser uma das mais altas da classe e, por esta razão, ocupava as carteiras do fundo, sentindo-se envergonhada, não conseguindo participar das atividades como me relatara mais tarde.
A professora havia indicado um oftalmologista, mesmo assim não conseguia acompanhar as atividades. Deste modo, havia passado do primeiro para o segundo, e do segundo para o terceiro ano, com muitas dificuldades. Estava no terceiro ano quando veio me ver, já usava óculos e apresentava as mesmas dificuldades, sentindo-se oprimida por sua incapacidade.
Nesta ocasião, já havia encontrado uma forma para se expressar, para se sentir menos pressionada e melhorar sua auto-estima. Tinha descoberto sua facilidade com os números e a solução de problemas. Deste modo, dedicava-se exclusivamente ao estudo da matemática, passando o tempo construindo possibilidades para solucionar problemas, construindo brincadeiras com números. Juntara a essa habilidade seu gosto por criar e contar histórias, de inventar palavras novas para se expressar, mostrando-se muito sensível e imaginativa. História e geografia lhe pareciam fáceis para aprender, mas a dificuldade de escrever era um empecilho.
Encontrara mais outra habilidade com os lápis de cor e os pincéis.
Mariana me contou muitas histórias sobre sua vida até aquele momento. Mais tarde, quando começou a escrever sobre suas lembranças, compartilhou comigo suas histórias...
Tinha, nos olhos quase verdes, aquele ar de quem tudo desejava conhecer; pele clara, contrastando com duas tranças caídas para trás. Parecia perceber tudo à sua volta, com aquela curiosidade de quem sempre está em busca de novas brincadeiras e, ao mesmo tempo, mostrava-se acanhada e tranqüila.
Devia ter seus onze anos quando veio pela primeira vez. Era a mais velha de quatro irmãos. Tinha iniciado as primeiras letras em uma escolinha de bairro. Havia completado o primeiro ano e passado para o segundo, quando os pais resolveram mudá-la de escola, pois o irmão menor também precisava iniciar o pré-primário. A escola escolhida ficava distante, em outro bairro. Era uma escola de freiras. Apesar da distância, tudo tinha ficado arranjado. O pai a levava pela manhã e a mãe a buscava na hora do almoço. No entanto, passado o primeiro mês de aula, ela não conseguia acompanhar as aulas do segundo ano. Ela não estava alfabetizada.
A coordenadora falou com os pais e Mariana mudou de classe, mudou de professora, mudou de colegas, voltou para o primeiro ano, para iniciar a alfabetização. Esse inesperado causou um grande impacto, difícil de ser assimilado, que marcou sua vida escolar para sempre.
A classe do primeiro ano era de crianças menores, deste modo, ela passou a ser uma das mais altas da classe e, por esta razão, ocupava as carteiras do fundo, sentindo-se envergonhada, não conseguindo participar das atividades como me relatara mais tarde.
A professora havia indicado um oftalmologista, mesmo assim não conseguia acompanhar as atividades. Deste modo, havia passado do primeiro para o segundo, e do segundo para o terceiro ano, com muitas dificuldades. Estava no terceiro ano quando veio me ver, já usava óculos e apresentava as mesmas dificuldades, sentindo-se oprimida por sua incapacidade.
Nesta ocasião, já havia encontrado uma forma para se expressar, para se sentir menos pressionada e melhorar sua auto-estima. Tinha descoberto sua facilidade com os números e a solução de problemas. Deste modo, dedicava-se exclusivamente ao estudo da matemática, passando o tempo construindo possibilidades para solucionar problemas, construindo brincadeiras com números. Juntara a essa habilidade seu gosto por criar e contar histórias, de inventar palavras novas para se expressar, mostrando-se muito sensível e imaginativa. História e geografia lhe pareciam fáceis para aprender, mas a dificuldade de escrever era um empecilho.
Encontrara mais outra habilidade com os lápis de cor e os pincéis.
Mariana me contou muitas histórias sobre sua vida até aquele momento. Mais tarde, quando começou a escrever sobre suas lembranças, compartilhou comigo suas histórias...
Suely Laitano Nassif
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