História Original: Meu guarda-chuva amarelo
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Eu tinha nove anos e as férias de verão prometiam ser cheias de companhia e aventura.
Meu irmão levou um amigo e minha tia não deixou minha prima vir comigo.
Fiquei chateada por estar solitária até que meu pai me apresentou à Estrela, uma égua não muito alta, nem muito nova, que papai me ensinou a cavalgar.
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Ele sinalizou para mim noções iniciais - sobe por aqui e desce por ali, puxa rédea para esse lado, puxa rédea para aquele lado, fica com a espinha ereta e aperta as pernas no lombo da égua. Bate com a perna na barriga dela para ela caminhar. Faça um carinho na crina para ela se lembrar que você está no comando, mas a respeite.
Segui as dicas que mostraram-se preciosas.
Entabulamos uma amizade inesquecível.
Passeamos juntas e fizemos muita companhia, uma para a outra, nas montanhas e trilhas de Campos do Jordão. Os cascos da égua batendo com-pas-sa-da-mente no chão de terra batida. Pedregulhos aqui e ali, desvio de valas e passo de veludo ao passar nos mata-burros. O vento gelado com cheiro de pinha e terra molhada pelo orvalho ia cortando meu rosto, exalando uma enorme sensação de liberdade.
Foram dias em que a vida e a natureza sorriram à larga comigo no colo!
E meu pai observando tudo com um semblante de orgulho pela filhota corajosa que ele reconheceu naquele momento como sendo sua.
Por Ana Lúcia Brandão