"MARIANA nos convida para uma interessante jornada, emprestando-nos “seu olhar” para mostrar,
através da narrativa de seus pensamentos, sentimentos e emoções, tudo que existe além das “DIS-HABILIDADES”.
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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

"A águia que não queria voar" de James Aggrey

"A águia que não queria voar" de James AggreyIlustrações: Wolf Erlbruch
Tradução: Sergio Tellaroli
São Paulo: Cia das Letrinhas, 2012
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Um homem foi pegar um pássaro na floresta e voltou com um filhote de águia. Abrigou o filhote em seu galinheiro, na companhia de galinhas, patos e perus. E alimentou o filhote com a mesma ração que dava às galinhas.

Cinco anos depois, esse homem recebeu a visita de um naturalista, "um dedicado estudioso da natureza". Ele logo observou a águia entre as galinhas e o homem lhe disse que o havia criado como uma galinha e portanto a águia agora era uma galinha. E isso apesar de suas asas abertas terem três metros de comprimento. Ao que respondeu o naturalista:"- Não é não - discordou o naturalista. - Ela continua sendo uma águia, porque seu coração é de águia. Por isso, um dia ela vai ganhar o céu e voar bem alto."

O homem discordou: " - Não, não - replicou o homem. - Ela se transformou numa galinha de verdade. Nunca mais vai voar." E os dois juntos resolveram fazer um teste. O naturalista pegou a ave e disse as palavras mágicas: "Tu és águia. Teu lugar é no céu, e não na terra. Abre as asas e voa! Só que o homem não contava com a : insistência do naturalista. No dia seguinte ele repetiu a frase: "Águia que és águia. Abre tuas asas e voa!


No outro dia o naturalista resolveu levar a águia para fora da cidade, afastando-se das casas em direção às montanhas. "O Sol nascia naquele momento, dourando o topo dos montes. E cada pico rebrilhava na alegria de uma manhã deslumbrante. O naturalista ergueu a águia e disse-lhe: - Águia, tu és águia. Teu lugar é no céu, e não aqui na terra. Abre as asas e voa! A águia olhou em torno e estremeceu, como se uma nova vida a invadisse, mas não voou.

Então o naturalista a fez encarar o sol de frente. Majestosa, a ave abriu suas enormes asas de repente e, grasnando como uma águia, alçou voo. Subia cada vez mais alto. Ela nunca mais voltou. Fim. No final do livro conta-se que esse autor foi um missionário e pedagogo nascido em 1875 em uma cidade de Gana, chamada Anomabu. Portanto é uma história sobre o ser diferente, um ser que ainda não sabe de sua missão na vida ou de seus dotes até que um dia encontra alguém que o enxerga como ele realmente é. Bárbaro.

Todo processo terapeutico é isso também. Assim como algumas pessoas que encontramos na vida e que tem a sensibilidade de iluminar nossos dons adormecidos. Isso aí!

Por Ana Lúcia Brandão

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Conta-Reconta: "Meu guarda-chuva amarelo"

História Original: Meu guarda-chuva amarelo
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MEU GUARDA-CHUVA VERMELHO
Quando eu entrei na escola, minha mãe comprou um guarda-chuva e uma capa de chuva vermelhos para mim.
Ela tinha igual só que azul.
Ela ia me buscar a pé de guarda-chuva e capa. Achava mamãe tão bonita e era tão bom ter a certeza de ver o rosto dela me esperando na saída da escola todos os dias...
Afinal, eu saia cheia de novidades para contar e a queria junto de mim para compartilhar.

Os guarda-chuvas, azul no alto e vermelho no baixo, abertos, ouviam nossas histórias e nos protegiam de todo e qualquer dia de muita chuva, enxurrada para ser pulada ao atravessar as ruas e ladeiras, algumas quadras de muita alegria passadas juntas, as duas.
Vermelho e azul sempre foram as cores que mamãe escolheu para nós duas.
Aos quatro anos ela comprou um poncho vermelho para mim e o dela era azul turquesa.

Tempo fora do tempo.
Não foi à toa que escolhi para meu quarto reformado aos dez anos uma colcha e cortinas azuis. Assim eu passava da fase vermelha e rosa e entrava na fase azul de mamãe.

Anos mais tarde, descobri que Picasso teve em sua pintura a fase azul e a fase rosa.
Mamãe adorava a obra de Picasso e pendurou no meu quarto quando bebê uma réplica do quadro menino com um pombo. Sempre que o vejo, me lembro dela e de nossos passeios juntas, com ela de azul.


Por Ana Lúcia Brandão

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Os olhos da boneca

Mariana devia ter seus 9 anos.
Em um dia desses, em meio as brincadeiras,
Num tempo, logo após o Natal...
Teve um pensamento...
Teve um desejo...
Foi assim... quase como uma luz que surgiu em sua mente.


QUERIA UMA BONECA QUE FOSSE GENTE DE VERDADE
que pudesse cuidar de verdade...
não queria mais só brincar de faz-de-conta.

Ela estava muito triste.
Estava chorando, trancada no banheiro.
Ela tinha nas mãos a boneca que ganhara no Natal.
Era o seu bebê de borracha, que tomava mamadeira e molhava a fraldinha.
Última novidade em bonecas!!!
O Papai Noel tinha trazido.

Ela tinha sonhado tanto com aquele bebê...
Ele tinha durado tão pouco tempo!!!

Sua tristeza era enorme.
Lembra ainda da cena, que acabara  de acontecer.
Estava brincando no quintal, com seu bebe deitado no bercinho.
Quando o cachorro o encontrou e achando que também podia brincar...
saiu com ele na boca, no meio dos dentes.
Foi um custo resgatar o boneco!!!

Ela ainda sentia o tremor que invadira seu corpo...
ao receber de volta seu bebe...das garras do cachorro,
sem saber ao certo o que tinha acontecido.

A borracha tinha resistido...
mas o bebe tinha ficado para sempre sem aqueles seus os olhos azuis!!
Foi com essa grande tristeza que Mariana se trancou no banheiro naquele dia.
Só se acalmou depois que teve aquela  ideia: um dia iria ter um bebe de verdade!!  

Mariana, brincou com seu bebe de boracha por muitos e muitos anos...
Com aquele seu boneco tão desejado, que tinha ficado sem os olhos.

Mariana toda vez que olhava pra ele imaginava
que ele tinha olhos de verdade...
aproveitava assim e imaginava  o dia que teria seu bebê de verdade!!!

Por Suely Laitano Nassif